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“A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes”. De onde falamos nós, ao rezar? Das alturas de nosso orgulho e vontade própria, ou das “profundezas” (Sl 130,1) de um coração humilde e contrito? Quem se humilha será exaltado. A humanidade é o fundamento da oração, “pois não sabemos o que pedir nem como pedir” (Rm 8,26). A humanidade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus.
Precisamos reconhecer, com urgência, o dom de Deus, assim como São João nos ensina em seu Evangelho, pois a oração pura e verdadeira se revela, justamente, no reconhecimento do dom de Deus em nossa vida. Ou seja, a beira do poço, onde vamos procurar nossa água, por exemplo: um passeio pelo deserto seco do Saara não é nada agradável, ainda mais quando não temos mais água potável para beber. Para sobreviver é preciso procurar um poço para abastecermos nosso cantil e saciarmos nossa sede. Ou, pelo contrário, vamos morrer de desidratação.
É beira do poço que “Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar, e é ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja.” Portanto, a oração é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. O Senhor espera que tenhamos sede d’Ele. “Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, vós nos concedeis o dom de vos louvar. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproxima de vós.”
O que a Palavra de Deus diz
A Palavra de Deus nos mostra a importância da oração e nos ensina a atitude que os cristãos devem assumir no seu diálogo com Deus. É preciso cultivar a intimidade com Deus na oração, portanto, oração é a aproximação da pessoa a Deus por meio de palavras espontâneas ou pensamento e orações prontas.
São Lucas também nos mostra a atitude de Jesus quando Seus discípulos Lhe pedem para que Ele os ensine a rezar:
Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’”.
E Jesus acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário.
Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. Será que algum de vós, que é pai, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”
Sem oração não nos tornamos santos
Sem oração não há vida de santidade, por isso devemos incomodar Deus com nossas orações. Não se preocupe! Deus não vai se incomodar com nossos pedidos. Precisamos sim nos colocar em atitude de oração. Assim como vamos a casa de um amigo pedir algo emprestado à meia-noite, devemos ir ao encontro de Deus na oração. Quando rezamos, revelamos a Ele nossas necessidades, aquilo que desejamos ou algo que falta em nós. Ao irmos ao encontro de Deus por meio de nossas orações, rompemos com nosso orgulho.
Infelizmente, muitos, por causa da soberba, do orgulho e da vaidade não rezam mais, não buscam mais a Deus na intimidade de seu coração. Muitos têm vergonha de Deus por causas de seus pecados, de suas vidas dúbias e de seus erros: outros ainda por que se deixaram dominar pelas falsas ideologias e imoralidade.
Precisamos nos converter
Precisamos romper com a vergonha e o medo de Deus. Não podemos deixar que o orgulho e as escolhas erradas nos afastem da oração e da intimidade com Deus. Tanquerey nos ensina que a oração:
“é um desejo de perfeição, pois ninguém oraria sinceramente se não quisesse tornar-se melhor; supõe um certo conhecimento de Deus e de nós mesmos, por que estabelece relação entre os dois; conforma a nossa vontade com a vontade de Deus, visto que toda boa oração contém explicita ou implicitamente um ato de submissão ao Supremo senhor de todas as coisas. Ela aperfeiçoa todos esses atos, prostrando-nos diante da Majestade divina, para adora-lo e para implorar por novas graças que nos habilitem progredir na perfeição.
Para alcançarmos o coração de Deus, precisamos deixar para traz nossos vícios, nossas escolhas erradas e fazermos uma boa confissão. Também é preciso adesão a Jesus Cristo e ao seu projeto de salvação. Se não houver adesão a Jesus e a Sua Igreja, nossa oração vai ser em vão. Não receberemos a graça de Deus que nos santifica. E para estamos na graça de Deus, precisamos estar em um mínimo de estado de graça possível. É preciso trilhar um caminho de santidade, dizendo não aos projetos do mundo, do maligno; e assumindo a vontade de Deus para cada um de nós.
Para descobrimos a vontade de Deus a nosso respeito, precisamos de intimidade com Ele na oração, na leitura da Palavra e na participação da Santa Missa.
Uma relação de confiança entre o homem e Deus
A oração é uma relação de confiança com Deus. Ele é presente em nossa vida, em nossa história, e sempre está ao nosso lado. Precisamos viver na presença de Deus e assumir os fatos e acontecimentos de nossa vida, colocando tudo nas mãos de Deus. É preciso rezar com autenticidade e confiança em Deus.
É um fato, uma verdade: Deus está no meio de nós, por isso nosso coração precisa estar em Deus, e devemos dar graças a Deus em todo tempo e em todo lugar, pois é nosso dever e nossa salvação.
“Ó Deus, Sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam.” Amém!
Referências
1 CIC 2559
2 Cf. Jo 4,10
3 CIC 2560
4 Prefácio comum, IV. O louvor dom de Deus.
5 Lc 11,1-13
Por Padre Leandro Couto – Missionário da Comunidade Canção Nova, via Canção Nova