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05/12/2019
Assim como o homem rico, você pode aderir ou não àquilo que Deus te chama. Deus tem um plano a seu respeito, mas quem determinará sua vida será Ele mesmo. Descobrir o projeto de Deus não significa predestinação, pois, apesar d’Ele ter uma vontade, um plano a seu respeito, isso não significa que todos os eventos da sua vida estão como que “escritos” e que nada poderá mudar esse roteiro. Não! Não é assim que funciona. Você tem livre-arbítrio sobre sua existência e será você quem determinará seu futuro.
O Senhor tem um plano para você e te deu características, personalidade, temperamento, dons e talentos que fazem de você uma pessoa única, com uma identidade exclusiva, que tem algo específico para cumprir e ser nesta terra e por toda a eternidade. Contudo, é você quem deve escolher aderir ou não ao projeto do Senhor a seu respeito.
Assim como um pai deseja, até planeja, algumas coisas para seu filho, contudo, não pode obrigá-lo, o Criador tem um desejo para sua vida, mas Ele aceita que a palavra final sobre sua existência seja sua.
Por isso, não existe predestinação! Se nem mesmo Deus define uma sina à qual você não tenha escolha, imagine se os astros influenciarão em circunstâncias predeterminadas! Será você quem optará por qual caminho andar e qual destino quer chegar. Não existe trajetória, acontecimentos predeterminados, não existe pessoa destinada a se casar com você (explico isso no livro “As cinco fases do namoro”, no subcapítulo – “Um amor escrito nas estrelas?”) as pessoas têm vocação ao matrimônio, mas não estão destinadas a um único pretendente, você é quem escolherá com quem concretizará a esse seu chamado, assim como também não existem fatos trágicos que o Senhor envie para castigar quem não fez a Sua vontade (o que existe é o nosso afastamento da graça).
Podemos dizer, como Maria, nosso “sim” a Deus e ao Seu intento, como podemos dizer “não”. Podemos ainda dizer não num primeiro momento e depois reavaliarmos, como podemos também aderir num instante e depois nos afastarmos da vontade de Deus. Sobre a predestinação, vai dizer o Catecismo: “Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no
entanto, desviar-se” (CIC 311). E completa que, Deus se comunica com o ser humano, faz Seus apelos encaminhando o homem por meio da Sua Divina Providência: “chamamos Divina Providência as disposições pelas quais Deus conduz a sua criação […] Deus guarda e governa, pela sua Providência, tudo quanto criou […] mesmo aquilo que depende da futura ação livre das criaturas” (CIC 302).
O plano de Deus para a humanidade pode não cumprir-se?
Os planos de Deus para a humanidade, para o cosmos se cumprirão, porque Ele não depende do nosso “sim” e rege o mundo com Seu poder infinito. Ele é maior do que todo o mal que possa ser feito neste mundo e consegue, por Sua força divina, dar curso à Sua vontade, usando-Se até mesmo do mal e dos “nãos” dos homens. Nós é que necessitamos da Sua graça, para darmos curso em qualquer coisa na nossa vida.
O que existe, portanto, é a graça de Deus manifestada como Divina Providência. O Senhor pode nos fazer entender Seu projeto em nossa vida, pela Sua graça, por meio de fatos que nos acontecem, em entendimentos que possamos ter, em palavras ou por pessoas. Ele pode colocar diante de nós, nos encaminhar a alguém que possa ser um amigo, um cônjuge, que nos leve para Ele mesmo. O Altíssimo pode nos dar uma vivência, uma experiência, algo que nos faça abrir o coração e entender o que Ele está dizendo, sinalizando, o que quer de nós. Entretanto, em tudo isso, seremos nós que escolheremos, que teremos que dizer “Sim, eu quero!” ou “Não, eu não quero!”.
Quem assume uma vocação, uma profissão, um matrimônio tem que saber que foi ele mesmo quem escolheu. Descobrir e seguir o plano de Deus é alinharmos o nosso querer ao d’Ele. É nesse contexto que deve entrar o nosso livre-arbítrio, ou seja, existe a parte de Deus, porém, deve existir a sua parte e também a sua adesão por livre e espontânea vontade, pois Ele não vai te obrigar ou forçar a querer o mesmo que Ele quer, mas apenas sugestionará e
tentará convencê-lo aos poucos, por amor e com amor.
A culpa é de Deus?
Caso contrário, se existisse a predestinação, poderíamos nos lamuriar e culpar o Senhor pelas nossas escolhas. Já imaginou alguém decepcionado com o cônjuge, atribuindo a Deus o fardo de ter sido “obrigado” a ter contraído matrimônio com tal pessoa? Ou alguém que desejava ser biólogo, mas teve de ingressar na faculdade de administração porque supôs que Deus assim mandou?
Se você reconhece em si um dom, por si mesmo, pode fazer uma escolha livre em como viver esse dom, doar-se, esforçar-se esmerá-lo. E quem nos faz reconhecermos o dom de nós mesmos é somente o Senhor, reconhecendo-nos n’Ele, alinhando a vontade d’Ele à nossa. “O bonito não é realizar o nosso próprio sonho, mas realizar o sonho de Deus” (Monsenhor Jonas Abib).
Todavia, fica aqui para nós que predestinação, assim como todo tipo de previsão de futuro, não condiz com a verdadeira forma do Senhor interagir conosco.
Texto extraído do livro “Entenda o plano de Deus para você“, de Sandro Arquejada.
Por Sandro Arquejada, via Canção Nova