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Sócrates, filósofo grego da Antiguidade, encantou-se com a convocação “Conhece-te a ti mesmo” inscrita na entrada do Templo de Delfos, em Atenas. O dizer é considerado um aforismo, ou seja, um texto breve que enuncia uma regra, um pensamento, um princípio ou uma advertência. Nesse caso, parece ser um princípio e uma advertência importantes também para os homens e as mulheres do mundo atribulado de hoje. De fato, o autoconhecimento tem sido tema de muitos cursos não somente na área da filosofia, da psicologia ou de outras disciplinas das chamadas “humanas”, mas também executivos, administradores, economistas, vendedores e outros profissionais têm descoberto aquilo que encantou Sócrates.
É essencial conhecermos a nós mesmos e termos sempre os pés no chão de nossa história, de nossas vivências da infância, da adolescência, observando nossa personalidade e nossas características próprias, as quais nos fazem ser quem somos. Para tanto, precisamos olhar para nós mesmos e buscarmos compreender nossos sentimentos, nosso modo de nos relacionarmos com as pessoas, com Deus, nossas características positivas (virtudes) e negativas (vícios, limites).
Quem conhece a si mesmo adquire uma segurança interior e uma estabilidade maior, que lhe possibilitam elementos sólidos de lidar bem com as eventualidades da vida, com os sofrimentos, com aquilo que não nos agrada. No tempo da Quaresma, a Igreja nos propõe três gestos concretos que favorecem o nosso autoconhecimento: a Oração, a Esmola e o Jejum.
A oração é um meio eficaz de nos aproximarmos de Deus, descobrirmos n’Ele o Absoluto de nossa vida, e n’Ele encontrarmos o nosso verdadeiro “eu”. A esmola é um ato concreto que demonstra o nosso desejo de nos comprometermos com a vida daqueles que sofrem, dos excluídos e, ao mesmo tempo, do desejo de nos apegarmos, cada vez mais, aos bens perenes. O jejum, por sua vez, é uma atitude que recorda o nosso desejo de termos o domínio sobre os nossos próprios desejos interiores, mantendo o equilíbrio sobre nós mesmos.
Esses três gestos (muito práticos) fazem com que nos exercitemos em conhecer a nós mesmos. A partir deles (embora sejam gestos singelos e simples), podemos aprofundar o nosso modo de nos relacionarmos conosco, com os outros e com Deus. Para nós cristãos, conhecer a nós mesmos é, antes de tudo, reconhecer a primazia de Deus na nossa vida, reconhecer n’Ele nossa origem e para onde caminhamos. Conhecer a nós mesmos é saber que não estamos sozinhos e precisamos nos comprometer com as demais pessoas, principalmente com aqueles que mais sofrem, a quem devemos ser solidários.
Por fim, é possível afirmar que o “Conhece-te a ti mesmo” que inquietou e encantou Sócrates também encantou a Igreja e deve nos encantar. Que utilizemos os meios recomendados pela Igreja, sábia Mãe e Mestra, para conhecermos melhor a nós mesmos e, assim, caminharmos cada vez mais serenos rumo à plenitude, à felicidade pensada por Deus para cada um de nós.
Por Pe. Josimar Baggio, scj, via Canção Nova