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Encontramos na Bíblia pouquíssimas palavras pronunciadas por Maria. Seu nome também não é citado muitas vezes. Maria é chamada de “Bendita e Mãe do Senhor por Isabel” (Lc 1, 42); “Serva do Senhor” como ela própria se definiu (Lc 1, 38.48); “Bem-aventurada” como profetizou que as gerações a chamariam.
O seu nome, “Maria”, é citado por Mateus cinco vezes (Mt 1, 15. 18.20; 2, 11; 13, 55). Já Marcos cita apenas uma vez (Mc 6, 3). Lucas cita 12 vezes no Evangelho (Lc 1, 27.30.34.38.39.41.46.56; 2, 5. 16.19.34); e uma vez nos Atos dos Apóstolos (At 1, 14). João refere-se a ela como a “Mãe de Jesus” ou “sua Mãe” sem mencionar o seu nome uma única vez.
Mas, seja citada pelo nome, ou referida como já destacamos acima, ou ainda “Mulher” como o próprio Jesus se referiu a ela, constatamos amplamente a presença silenciosa de Maria em todas os acontecimentos importantes, especialmente da vida de seu filho Jesus Cristo. Desde o momento da anunciação até o nascimento da Igreja.
Então, como alguém pode não compreender o papel de Maria na obra da salvação, se o Evangelho nos deixa tão claro: em virtude da encarnação, do verbo se fazer carne, de Deus visitar a humanidade, Dele se fazer uma criança, Maria se torna a arca. O útero de Maria se torna o primeiro tabernáculo. E a obra da redenção teve início no útero de Maria. É o útero que representa o anseio de toda uma humanidade sedenta do Verbo Eterno do Pai.
Deus encarnado fez a sua primeira moradia no ventre de uma mulher, Maria, que aceitando o convite da graça e dizendo o “sim”, se torna um modelo de quem faz a vontade do Pai.
Na cruz, Maria é cheia de graça, é plena do espírito. Se sofre o filho, sofre a mãe. Se o filho padece, a mãe padece. Não é assim com todas as mães?
Nossa Senhora era mãe, por isso, se coloque no lugar dela, vendo um jovem, um rapagão de 33 anos, sofrer o que Jesus sofreu, morrer da forma que Jesus morreu.
Jesus traído, negado, abandonado pelos próprios apóstolos. Já parou para pensar na proximidade que Nossa Senhora tinha com os apóstolos? Quando Ele foi traído, magoada, ela também foi. Se Jesus andou três anos com os apóstolos, Maria também fazia parte dessa convivência. Ela também deve ter sofrido quando Judas vendeu seu filho por 30 moedas.
Maria experimentou a dor, primeiro na fé, e fez a diferença, porque se não fosse a fé e a esperança, ela teria se desesperado.
É essa presença silenciosa na hora da dor, que Maria nos dá como exemplo. Às vezes, nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, muito doentes e pelas quais já não podemos fazer nada e não encontramos palavras que vão confortar, mas a nossa presença, silenciosa, já é uma ajuda. Mesmo que não consiga verbalizar essa presença, já é uma ajuda.
Maria entendeu isso. Na cruz, ela não disse uma palavra. Podemos ver nos quatro Evangelhos: Jesus falou, Maria não disse nada, ficou quieta, de pé, mas não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui Filho, estou ao Teu lado”.
Maria nos ensina a perseverar, a manter-se firme no sofrimento. E nos ensinou também a superar a traição, porque bastou o Filho morrer, ela pegou o seu corpo, colocou no sepulcro e voltou para rezar com os apóstolos. Ou seja, ela voltou para aqueles que abandonaram seu filho.
Com o nascimento da Igreja, começa efetivamente a missão de Maria, confiada por Jesus aos pés da cruz: “Filho, Eis aí tua mãe. Mãe Eis ai teu filho” (Jo. 19, 25-27). Ela é a Mãe da Igreja e a mãe que intercede por nós.
Nós temos uma mãe não somos órfãos e se uma mãe aqui da terra tira da boca para dar a seus filhos, imagine Nossa Senhora que é toda santa, pura, imaculada e repleta de amor.
Se Maria foi exaltada por Deus, claro que foi em vista dos méritos de Jesus, se Deus a escolheu, enviou um anjo, a proclamou a cheia de graça, se Deus fez dela a arca de toda a humanidade, então, que ninguém tenha receio de recorrer a ela, de venerá-la, de exaltá-la e proclamá-la bendita entre todas as mulheres.
Por Pe. Padre Reginaldo Manzotti, via Aleteia