São Gaspar de Búfalo, presbítero
12/06/2018Celam: teve início a caminhada “Pegadas da Ternura”
12/06/2018
A experiência do Exílio da Babilônia foi trágica, fruto da desorganização administrativa do povo hebreu. O mesmo está acontecendo no Brasil com a paralisação dos caminhoneiros e a desorganização administrativa do país. As consequências não serão diferentes. Toda a população vai continuar pagando caro pelas crises que veem daí. Os que mais sofrem são os pobres e desprotegidos.
Aos poucos o país vai se isolando das grandes potências mundiais. Ele caminha num processo ascendente de desconstrução total e de desarticulação das forças sustentadoras da vida social. Em vez de uma economia pujante, porque temos todas as condições para isso, infelizmente somos sufragados por dirigentes corporativistas e despreocupados com a realidade sofrida do povo.
Na Sagrada Escritura se fala da força contida na semente lançada na terra. Ela tem uma força intrínseca que a faz nascer, crescer e produzir frutos. O Brasil não é uma pequena semente, não é frágil e nem infecundo. Temos o privilégio da enorme extensão territorial, das terras raras, fartura de água doce e todos os recursos naturais. No entanto, não sai da zona de subdesenvolvido.
O país carece de profundas transformações, que não vão acontecer se não houver uma total participação popular. Os políticos e os detentores do poder econômico e da mídia descomprometida com a vida social não estão preocupados com isso. A partir daí entendemos o porquê da paralização dos caminhoneiros, mas eles necessitam de apoio da população, porque o sofrimento é de todos.
A impressão que temos é de que o governo brasileiro está perdido e incapaz para solucionar o caos que vem sendo instaurado. Não sentimos atitudes de honestidade na gestão da coisa pública. Aos poucos estão depredando o país, vendendo o rico patrimônio público para forças internacionais e países de destaque mundial. Significa que caminhamos para um verdadeiro exílio e sem força para agir.
O Exílio da Babilônia reflete um estado de sofrimento, de crise e abandono. O povo só consegue se reerguer com a confiança depositada em Javé. O caminho do Brasil também necessita dessa força do alto, de mais confiança na presença de Deus e de ações mais responsáveis de todos os brasileiros. O voto consciente é um desses instrumentos escolhendo pessoas que querem o bem comum.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)