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08/07/2019
As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para os anos de 2019 a 2023, aprovadas na 57ª Assembleia Geral da CNBB, ao falar de pastoral no mundo urbano, dão um destaque todo especial para a palavra “casa”. Há um ditado que diz: “Quem casa, quer casa”. Não é o normal viver na rua ser “morador de rua”, fora de casa e sem estabilidade, segurança e conforto.
As casas dão estrutura e condição de vida humana para a existência de um bairro, de uma vila ou de uma cidade. Nelas estão presentes as famílias, está o povo que, na convivência relacional e social, constitui a sociedade dentro daquele aglomerado. E é justamente das casas que saem as pessoas para os afazeres, os trabalhos e as exigências normais de uma sociedade organizada.
Uma das características fundamentais, que dá estabilidade para uma cidade, está centrada na prática da justiça, para construir a harmonia entre as pessoas. Isto significa que seus líderes devem colocar-se a serviço da coletividade, isentos de ações egoístas, promovendo o bem comum, trazendo como fruto sensível, a paz. Os mais pobres também formam a cidade, e precisam ser valorizados.
Na cultura brasileira hodierna e do mundo moderno, não temos mais como separar o urbano do rural, porque as decisões têm suas origens nas cidades, e conseguem atingir a todos, porque tudo está globalizado com a força dos meios de comunicação, com a Internet, fazendo de cidade e mundo rural uma única realidade. Tudo chega instantaneamente dentro das casas e ninguém fica de fora.
Neste vasto mundo com fisionomia urbana, muita gente vive preocupada com a falta de paz. Em muitas casas e no meio de inúmeras famílias existe o domínio da violência. Virou até moda, nos últimos tempos, falar de feminicídio. Ninguém veio ao mundo para ser brutalmente assassinado. Significa que a insistente mensagem de paz trazida por Jesus Cristo tem sido rejeitada.
A paz pessoal e social é fruto de um encontro com a Pessoa de Jesus Cristo, porque Ele é o autêntico autor da paz. Quando uma pessoa invade uma casa e agride alguém, a ponto de lhe tirar a vida, está agindo de forma totalmente desumana, deixando de lado a dimensão divina do humano. É uma agressão ao próprio Deus, porque toda pessoa é imagem e semelhança do Deus Criador.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba, ia CNBB