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27/09/2017Não é tão fácil distinguir coisas que têm dimensões divinas, que fazem parte do Reino de Deus e as realidades do reino humano. Mas as duas se complementam, porque em ambas o objetivo é a prática de vida das pessoas. A forma da ação divina e do querer de Deus deve ser percebida pelas criaturas humanas. Suas decisões devem estar fundamentadas no livre-arbítrio e na responsabilidade.
A vida no mundo pode ter caminhos tortuosos, indignos e desproporcionais em relação aos princípios do querer divino. A vontade de Deus está expressa nas orientações dadas pelas palavras da Sagrada Escritura. Seu objetivo é chegar ao coração das pessoas para que elas superem todos os desvios que lhes causam sofrimento e incertezas de um futuro promissor e feliz.
O ser humano, por causa de sua liberdade, é capaz de mudar de rumo com muita facilidade. Ele tem diante de si a opção por um “sim” ou por um “não”, dando-lhe possibilidade muito ampla de escolha e de fazer um discernimento conforme as decisões de sua vontade. Talvez não seja tão fácil perceber as dimensões e as consequências de sua percepção e decisão final.
Mais ainda, o ser humano nunca está totalmente pronto no seu agir. Ele precisa ter consciência de suas próprias limitações e de que é propenso a erros. É aí que entra a ação divina, a capacidade de conversão e confiança na misericórdia de Deus. A vida humana é um processo, uma estrada de mão dupla e de busca de realização plena, mas impossível de conseguir plenitude na dimensão apenas humana.
No campo da percepção, o pano de fundo é a justiça, que pode ser divina e humana. Dizemos que Deus é justo, mas as pessoas também podem e devem ser justas. É sobre essa plataforma que acontece a realização da pessoa. As injustiças descaracterizam sua identidade e inviabilizam a ação de Deus. O amor vai além da justiça, e passa a ser qualificado como graça de Deus.
Na percepção daquilo que é divino e do que é humano descobrimos que Deus se humanizou para que a pessoa se tornasse divina. Em Jesus Deus se esvaziou e tomou forma humana. Com isso resgatou quem vive mergulhado em critérios desonestos. Só é capaz de se tornar divino quem fizer um caminho de despir-se do orgulho próprio e reconhecer a presença libertadora de Deus.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)