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18/09/2018
Esse é o primeiro texto de uma linda jornada que eu lhe proponho. Vamos trazer um trabalho de estudo e experiência. Na verdade, acaba sendo também um testemunho de como o estudo pode nos ajudar a avançar numa jornada de união com Deus. E o primeiro passo para essa união é conhecer a fundo o sacramento da confissão.
Como assim? O que pode haver a mais nesse assunto? Boa parte de nós católicos já estamos acostumados a essa prática.
Sabendo disso, em mim borbulhou uma inquietação profunda com muitas questões: por que não avançamos em nossa vida espiritual como os santos da Igreja? Afinal, o convite à santidade não é para todos? Por que, hoje em dia, com esse montão de católicos no Brasil, não ouvimos falar de sinais e prodígios mais contundentes e frequentes? Por que nossa oração só gira em torno de mil pedidos de cura e libertação?
Olhando para a história da Igreja, há poucas décadas, havia um florescimento na Igreja, quando as pessoas se santificavam numa vida ordinária de vivência dos sacramentos e oração. Onde foi que isso diminuiu?
Com o passar dos textos, desejamos, de coração, que fique claro a você, como a nossa geração perdeu completamente a dimensão do pecado, devido um nível intelectual e moral tão baixo como quase nunca se viu na história. Também não sabemos mais nos confessar com as santas disposições, para nunca mais, com a ajuda de Deus, cair em pecados graves.
A partir do momento que nos confessamos direitinho, chegamos à estaca zero de nosso caminho espiritual e santificação. A partir daí, qual seria o próximo passo?
Vamos?
O ser humano, ao ser criado, assim como vemos no Gênesis, era possuidor de uma intimidade muito profunda com Deus. Ele tinha um relacionamento face a face com o Senhor. Foi criado depois de todas as coisas, e nosso Deus submeteu tudo a ele (Gn 1,28).
Essa intimidade profunda dispensava a existência de mandamentos. Tudo seguia conforme a lei natural plantada no coração do homem. Deus só deu a direção de não comer do fruto da árvore do meio do jardim do Éden, porque sabia que se o homem o comesse, morreria, ou seja, romperia essa intimidade com o Senhor (Gn 3,16-17). Ademais, o homem sabia o que fazer, como se comportar de modo que fosse bom para Deus, para o outro e para si mesmo. Infelizmente, no entanto, eles se corromperam ao comer do fruto do bem e do mal.
Distanciando-se de Deus
O tempo passou e o ser humano foi se distanciando, cada vez mais, do Senhor. Ele, no entanto, os quer de volta. Então, envia os profetas para chamá-los. Estes estão, a todo tempo, chamando os homens para reatar seu relacionamento rompido com Deus.
Todo o Antigo Testamento se torna um prelúdio da vinda de Jesus.
Reaver esse relacionamento com Deus, rompido com o pecado original, é possível! Com a vinda de Jesus e por meio d’Ele, temos os meios de restabelecer essa intimidade por meio dos sacramentos: batismo, crisma, Eucaristia, penitência ou reconciliação, matrimônio, ordem e unção dos enfermos.
Sacramentos
Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade atual, realizam, eficazmente, a graça que significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo. (Cf.CIC 1084).
O diploma não faz de uma pessoa um médico. O que realmente o faz capaz são os vários anos de estudo e disciplina. O diploma funciona somente como um sinal da aprovação do aluno de medicina.
Os sacramentos, ao contrário, em si, são símbolos daquilo que representam. Por exemplo, o batismo é o símbolo do banho, de uma lavagem espiritual que o cristão deve fazer da sujeira do pecado original. O batismo realmente faz isso! Ele nos purifica de todo pecado e nos faz capazes de alcançar essa ligação íntima perdida no Éden.
A Eucaristia simboliza o sacrifício do Cordeiro para a expiação dos pecados. O altar é o lugar do sacrifício. Ao mesmo tempo, o altar é a mesa do banquete festivo do céu. De fato, a Eucaristia alimenta a nossa alma.
O sacramento da confirmação, ou Crisma, traz o batismo do Espírito Santo na vida do cristão.
O sacramento do matrimônio simboliza a aliança entre Deus e os homens. Esse sacramento deve ser vivido, dentro de uma dimensão de doação entre os cônjuges, semelhante ao amor e doação do próprio Deus pela Igreja. Ele se entregou em sacrifício de amor por ela sem nenhuma reserva.
O sacramento da penitência simboliza um julgamento. Ali, o réu se acusa dos próprios pecados; porém, essa confissão dos crimes cometidos, em vez de conduzir à condenação, faz alcançar a Misericórdia Divina. Cura-nos da ferida causada pelo pecado.
Os sacramentos são os meios, criados pelo Senhor Jesus, para infundir a graça santificante na alma da pessoa.
Restauram a graça de Deus
Eles restauram a graça de Deus uma vez alcançada ou a cria pela primeira vez no coração. Essa graça de Deus trabalha como um organismo sobrenatural. A finalidade desse organismo é a de nos aproximar cada vez mais da filiação divina, da união mais íntima possível entre Deus e o homem. A imagem do organismo diz bem: são, nas suas várias partes, uma dependendo da outra, nas diversas dimensões do ser humano, aproximando-nos da união com Deus.
Existem várias formas de trabalhar e aumentar a graça de Deus no nosso interior, e uma dessas formas é a vivência correta dos sacramentos.
Uma das graças específicas do sacramento da Eucaristia é aumentar o amor em nós. É uma graça específica desse sacramento. Fazer nosso amor crescer sobrenaturalmente e transformar-se em atos cada vez mais perfeitos.
Já a graça específica do sacramento da reconciliação é fortalecer o penitente da luta contra o pecado e restaurar a intimidade com Deus.
Durante as próximas semanas, vamos nos concentrar no sacramento da penitência. Ele é chave para começar qualquer caminho espiritual capaz de nos levar à união com Deus. Se não for bem vivido, os demais sacramentos não operam aquilo que podem fazer em nós. Não haverá intimidade com Deus se convivermos com pecados graves.
Por Roger de Carvalho (Via Canção Nova)