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15/01/2020Certa vez, eu estava à frente da organização litúrgica de uma Celebração Eucarística que contava com a presença de dois bispos, mais alguns sacerdotes e diáconos. Ao iniciar a celebração, minha atenção se voltou quase que exclusivamente para todo o movimento principal que acontecia no presbitério. Quanto aos demais movimentos, os secundários, deixei-os na responsabilidade daqueles que foram incumbidos dos tais.
Porém, ao iniciar o canto de Aclamação ao Evangelho, percebi que algo não estava saindo conforme havíamos combinado. Fiquei aguardando a entrada dos que estavam responsáveis por se dirigirem ao ambão da proclamação da Palavra com as velas acesas, mas eles não apareceram. Para quem lida com as atividades próprias do rito litúrgico sabe que imprevistos sempre podem acontecer, por mais que se estude ou que se esteja acostumado com eles.
Assim, logo que o Evangelho foi proclamado (sem as velas), eu me dirigi até aos que estavam escalados para esta tarefa e os questionei sobre o que havia acontecido. O primeiro me respondeu que havia se preparado para entrar com a vela, porém, o seu companheiro não havia aparecido. Dirigi-me, então, ao segundo para saber o porquê de ele não ter aparecido. A resposta foi um simples e assustado “esqueci!”.
Tirei dessa situação um aprendizado muito importante sobre ajuda o próximo
Em meio àquele simples acontecimento, recordei-me de um importantíssimo ensinamento que o padre Jonas já havia nos dado aqui na Comunidade Canção Nova. Ensinamento que, a propósito, serve para todos os cristãos. Ei-lo: “a nossa essência [a do Carisma Canção Nova] é ‘viver com’. É viver juntos. Nós somos um corpo”. Ele ainda completa: “tentando compreender aquilo que Ele [Deus] me inspirava, percebi que sozinho eu não poderia realizar essa obra, eis o porquê do nascimento da Canção Nova”.
De fato, padre Jonas estava com a razão, e eu pude constatar por meio desse imprevisto que narrei acima. Vou explicar melhor! Por mais simples que fosse a tarefa de levar a vela até o ambão da proclamação da Palavra, havia uma missão a ser cumprida. O primeiro se preparou para cumprir a sua missão, porém, o segundo havia se esquecido. O primeiro fez a sua parte, o segundo, não. Mesmo que o primeiro estivesse preparado, a missão não pôde ser realizada na sua completude. O que faltou? Faltou, talvez, a iniciativa de ir até o irmão esquecido para lembrá-lo da escala.
Posso concluir que a cumplicidade, a ligação, a comunicação e o entrosamento mínimo que deveria existir entre aqueles dois seminaristas precedia o ato de levar a vela até o ambão, afinal, a falta dessa cumplicidade impediu que a missão fosse bem sucedida.
Proponho dar mais um passo nessa reflexão
Acredito que posso afirmar, sem correr muitos riscos de me enganar, que aquele ato de levar as velas até o ambão não era o ato principal, por mais que poderia parecer naquele momento litúrgico tão importante e solene. No fundo, o grande ato era a maravilhosa possibilidade da vivência de uma verdadeira comunhão de sentido entre aqueles dois seminaristas. A ação de levar a vela até o ambão, portanto, seria apenas o coroamento dessa cumplicidade entre os dois.
Aqui não se trata de querer fundamentar uma lição de moral em detrimento de um imprevisto, contudo, também não se pode deixar de tirar desse imprevisto um aprendizado. Onde reina o individualismo, o egoísmo e o orgulho, o Reino de Deus não acontece.
Deus abençoe você.
Até a próxima!
Por Gleidson Carvalho, via Canção Nova