Ano do Laicato estimula protagonismo dos cristãos leigos
26/06/2017Devoção verde-amarela tinge Jardins do Vaticano. Entrevista com Card. Aviz
26/06/2017Muitas vezes temos que assumir falhas e enfrentar dificuldades em várias circunstâncias da vida e por vários motivos. Isso nos traz sensação de insegurança. Ficamos perplexos e até não sabemos o que fazer. Há quem fuja de tomar decisão, compromisso ou responder a convites ou mesmo responsabilizar-se por atitudes ou falhas, partindo para válvulas de escape. Surgem daí atitudes irresponsáveis, não se assumindo obrigações de ofício ou responsabilidades devidas, como o pagamento de dívidas e outras vicissitudes.
A precaução e a defesa pessoal são próprias de quem se coloca em proteção de sua pessoa. Mas, a defesa pessoal deve ser proporcional aos valores vivenciados da ética e da responsabilidade moral perante os fatos e até os delitos, mesmo não sendo dolosos. A melhor forma de defesa é a que promove a verdade e a honra pessoal, que não pode estar sediada na falsidade. Mesmo com o receio da punição, quem tem altivez moral supera o medo e mostra a grandeza de caráter, sabendo rever-se para melhorar a própria conduta, com a humildade de assumir o passado com vontade de acertar melhor o próprio comportamento. Então se convive com mais dignidade em relação aos outros. Trabalhar para diminuir a pena em relação aos erros não significa falsear a verdade dos mesmos. Até a ação advocatícia não pode ser a de inocentar quem é delituoso e sim de proteger seus direitos e diminuir sua pena dentro da ética e da lei.
Quem não teme nem falseia a verdade supera o medo do castigo com a atitude e coerência de se apresentar como pessoa de bem e de convivência na honestidade. A falta de penalização promove a delituosidade de modo progressivo. A correção da pena é pedagógica e necessária, mesmo para pequenos delitos.
Apesar de o medo ser próprio de quem vive o fator emocional humano, a fé ajuda até o equilíbrio emocional diante de fatores de risco e insegurança. O profeta Jeremias lembra que os perseguidores enganosos não terão vez diante de Deus, que “salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus” (Jeremias20,13). Mesmo se o ser humano não tem misericórdia, Deus, no entanto, mostra porque veio, assumindo nossa natureza humana, justamente para nos dar vida nova. Mesmo nas maiores falhas Ele mostra a necessidade de mudança. Basta assumirmos nossos erros, querendo colocar todo o esforço para superá-los. Assim Ele está disposto a nos perdoar. A parábola do filho pródigo é de grande ensinamento sobre isso.
O maior medo que devemos ter é o de quem possa nos roubar o que nos leva ao objetivo maior da vida, que é a da salvação eterna. Mas a vida presente é muito importante para isso. Se quisermos misericórdia, temos também de ser misericordiosos e lutarmos para superar todo mecanismo de morte e agressão à vida. Quando damos de nós pela promoção da vida na convivência humana e com a natureza, superamos qualquer medo, pois ninguém vai nos roubar ou impedir a vida de doação, que é base para a consecução da vida eterna prometida por Aquele que ressuscitou dentro os mortos!
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)