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13/02/2019
Provavelmente o período entre dezembro de 2018 e os primeiros dias de 2019 foi um tempo para fazer um exame de consciência sobre o que foi vivido no ano passado, os pontos positivos e negativos na própria caminhada. Foi, seguramente, um momento para abrir o coração para a ação misericordiosa da graça de Deus. Nesse sentido, até mesmo o reconhecimento das próprias falhas, e possivelmente até os retrocessos em certas áreas da nossa vida, nos deram a oportunidade para, mais uma vez, colocar as nossas vidas nas mãos do Pai, que nunca nos abandona e que sempre nos espera com seu abraço e seu perdão.
O exame de consciência, sabemos bem, é muito mais do que o ‘inventário’ dos nossos pecados. Em primeiro lugar, trata-se de um momento para dar graças a Deus por todas as coisas que Ele fez e faz por cada um de nós. E quantas coisas boas Ele deve ter feito por você no ano que passou, muitas delas talvez passaram despercebidas, por falta de atenção, por falta deste exercício tão saudável para o cristão, que é dar graças a Deus. Ele nos ajuda a colocar-nos em nosso lugar de criaturas, que tudo devem a Deus, que a cada momento nos cria, com seu sim de amor às nossas vidas.
Além disso, o exame de consciência é também um momento para, sob a guia do Santo Espírito, reconhecer os movimentos da nossa afetividade espiritual, sejam eles de consolação ou desolação, de aderir-nos ou afastar-nos do sentir de Cristo quando abraça a sua Cruz, fazendo-Se obediente até a morte.
Os momentos de desolação, nos quais nos sentimos longe de Deus, como se Ele tivesse nos abandonado são, na verdade, momentos nos quais Ele nunca retira a sua graça de nós, mas nos dá justamente o que precisamos para não cair. Não devemos, nesses momentos de fragilidade, tomar decisões precipitadas, pois uma das características da desolação é, precisamente, que não vemos com clareza, sentimo-nos desnorteados.
A desolação espiritual é um momento, ou um período mais ou menos longo, no qual o Inimigo fala forte, tentando desanimar-nos e levar-nos a abandonar aquelas resoluções ou propósitos que fizemos quando estávamos em consolação, quando sentíamos Deus perto de nós, alentando-nos para uma vida cristã mais coerente e comprometida.
Talvez este momento, agora, seja bom para renovar as resoluções que fizemos no início do ano, ou no final do ano passado. Provavelmente perto do Presépio, ou na Missa Missa de Ano Novo, em que celebramos Santa Maria Mãe de Deus, tivemos ocasião de fazer algumas boas resoluções, incentivados pela alegria do Natal, pelas comemorações, os encontros com familiares e amigos. Olhando para o Menino nos braços de Maria, todos nós nos sentimos também um pouco meninos, com a capacidade de nascer de novo. “Ano novo, vida nova”, diz o ditado.
E é muito bonito ter essa capacidade. Mas como fazer para que tudo não fique em apenas bons desejos? Provavelmente constatemos nossos primeiros contratempos e quedas, talvez aqueles mesmos pecados em que sempre caímos. O que fazer agora, então?
Penso que é importante, em primeiro lugar, mudar o nosso olhar sobre as nossas vidas, inclusive os nossos pecados, as nossas dificuldades, e os desafios sem solução aparente que nos toca enfrentar. Você pode até reclamar disso tudo, mas eu proponho a você, cada vez que reclama, ou que se lamenta interiormente, que acrescente uma pequena palavra na frente da frase, mentalmente mesmo: Pai.
Por exemplo, no lugar de dizer: que chata essa pessoa com a qual tenho que conviver no trabalho, dizer Pai, que chata essa pessoa… Parece bobo, mas faz toda a diferença, pois você passa a viver essa realidade, até mesmo trivial, não sozinho, senão a partir da sua identidade de filho, como pessoa e não como simples indivíduo, em comunhão com Deus. Experimente fazer isso! Será, ao mesmo tempo, uma lembrança cotidiana do seu Batismo, desse “nascimento do alto” do qual Jesus falou a Nicodemos, no Evangelho de João.
Lembremos também que é precisamente o Espírito Santo, como dizia São Paulo, que nos faz dizer, desde o profundo do coração, Abba, Pai! Penso que essa é a verdadeira vida nova, que brota do nosso Batismo, da qual tem que se alimentar tudo o que fazemos, dizemos, pensamos, sentimos e sofremos.
O “Deus me livre”, do título da nossa reflexão de hoje, brota possivelmente de um coração que pensa que a grande novidade é algo que realizamos nós, com as nossas obras. Esta maneira de pensar sempre conduzirá ao desânimo, a olhar para trás, depois de ter posto as mãos no arado, como os judeus resgatados do Egito, que sendo livres ainda sonhavam com as cebolas do Egito. Não! A grande novidade é uma obra que Deus realiza em nossas vidas, apesar dos obstáculos que nós muitas vezes colocamos.
Renovemos hoje o nosso desejo profundo por uma vida nova. Sejamos hoje como os ramos, que estão unidos à videira e dão muito fruto. E não esqueçamos que os frutos são da videira e não dos ramos.
Por Martín Ugarteche, Sodalício de Vida Cristã, via Jovens de Maria