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A esperança não pode morrer! Embora, em alguns ambientes, o tédio, compreendido como o fastio de viver, e a ansiedade, que se expressa num medo estranho da existência como tal, apresentarem sinais preocupantes, a esperança cristã aponta para frente e, por isso mesmo, pressupõe abertura e disposição para a transformação do presente.
A esperança cristã oferece ao ser humano a oportunidade para entrar na dinâmica da eternidade, isto é, numa “condição existencial que não é estática, mas dinâmica e vivaz” (S. Gregório).
O itinerário característico dos discípulos do Ressuscitado oferece o necessário para colher o sentido profundo e amplo da esperança cristã. Quem se empenha por seguir Jesus Cristo e seu Evangelho recebe a força necessária para realizar o itinerário. O Evangelho jamais pretende diminuir ou destruir a vida; ao contrário, aponta as condições para conservá-la, fortalece-la e curá-la.
Numa sociedade marcada pelo cansaço, na qual a paisagem patológica é dominada, por exemplo, pela depressão, pelo transtorno de déficit de atenção com síndrome de hiperatividade, transtorno de personalidade limítrofe ou pela síndrome de Burnout, se faz necessário construir oportunidades para a sua superação. E o que dizer da crise de alteridade? Constata-se a frequência com que o estranho, mesmo que não represente nenhum perigo ou ameaça, é eliminado em virtude da sua alteridade.
São inúmeros os sinais de patologias na sociedade. A fé cristã oferece medicina à altura dos desafios do tempo presente. Por isso, vale perguntar o que significa o discipulado de Jesus para o homem de negócios, o empresário, o político, o profissional da saúde, o militar, o educador, o homem do campo, a dona de casa, o pai e a mãe de família, o jovem desejoso de cooperar para a promoção da vida, o operário? A resposta a essa questão só pode ser dada pelo próprio Jesus Cristo. Ele ordena segui-lo para onde o caminho conduz.
A fé cristã é dom! É também determinação de realizar um itinerário discipular com Jesus Cristo, em comunidade.
A esperança, amparada na fé, conduz à caridade. Essas três virtudes teologais proporcionam o vigor necessário para o grande objetivo do ser humano: a vida plena.
Por Dom Jaime Spengler – Arcebispo de Porto Alegre, via Vatican News