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10/10/2019
Durante o Ano Litúrgico, percorremos as diversas etapas da vida de Cristo e as atualizamos em unidade com a Igreja. Uma boa parte do ano dedica-se ao chamado “Tempo Comum”. Denomina-se, assim, para distinguir dos demais momentos do calendário litúrgico.
No ano litúrgico, os tempos fortes de festa, de maior meditação, e os tempos ordinários ou comuns. Nestes últimos, a centralidade continua sendo Cristo Jesus, e somos convidados a valorizar os pequenos acontecimentos do dia a dia.
O Tempo Comum nos leva a valorizar, portanto, o tempo que Deus nos concede, o tempo presente na simplicidade do cotidiano. Podemos contemplar a riqueza dos detalhes, dos momentos mais simples. Como, por exemplo, o raiar de cada novo dia, a beleza da natureza ou o sorriso e espontaneidade de uma criança.
As leituras do Tempo Comum se concentram, em boa parte, na vida pública de Jesus. Uma etapa de sua trajetória terrena em que os homens puderam conhecer o Filho do Homem. O Deus que se encarnou e viveu como eles todas as realidades humanas, exceto o pecado.
Uma escola de humanidade
Antes de conviver com os discípulos, Jesus viveu na maior escola do ordinário da vida humana: a escola de Nazaré, ou seja, a Sagrada Família. Foi ali que aprendeu as tradições do seu povo, a responsabilidade do trabalho, como lidar com o próximo, como rezar e, assim, ia tomando consciência de sua missão.
Jesus, Maria e José não tinham anjos realizando o trabalho deles ou os afazeres domésticos. Eram eles mesmos a desempenharem essas funções e, nesse ambiente tão comum e tão íntimo, cresciam nos laços humanos e divinos.
Podemos imaginar Maria fazendo comida e servindo o alimento a José e a Jesus enquanto trabalhavam. Podemos “viajar no tempo” e imaginar quando se preparavam para ir às festas (lembrando que o povo judeu é muito festivo. Diversas são as celebrações durante o ano), quando recebiam visitas em casa, quando cumpriam os preceitos de sua cultura. Podemos imaginar a oração em família, a ternura e o amor entre eles!
Como devia ser acolhedora, apaixonante e feliz aquela atmosfera de humanidade!
Deus chama onde você está
Quando iniciou a sua vida pública, todos puderam tocar, ver, sentir, ouvir e ver o Deus que chamava os discípulos a participarem de sua divindade e de sua missão.
Grande parte de seu ministério público aconteceu na região da Galileia. Neste contexto, enviou os apóstolos dois a dois. Era o movimento de saída, de irem além, em direção àqueles a serem atingidos pelo amor de Deus.
Jesus, partindo da multidão, formou o colégio dos discípulos, os 72, e destes escolheu doze para a sua companhia, doze para enviá-los dois a dois. O número doze faz referência às doze tribos de Israel, que estão na base da constituição do antigo povo de Deus, com o qual fez a aliança no Sinai. Como as doze tribos constituíram o antigo povo de Deus, assim os doze apóstolos foram constituídos por Cristo como base do novo povo de Deus, a Igreja. Os doze foram escolhidos e preparados pelo próprio Cristo para que, unidos a Ele, fossem também pedras de fundação da Igreja, a nova Jerusalém.
E aí está um ponto importante: O Senhor lhes fez um chamado tão especial, de serem fundamentos da Igreja, na cotidianidade. Aconteceram, sim, momentos extraordinários, quando os discípulos viram os milagres e prodígios de Cristo, contudo, o chamado se deu no ordinário e intimidade com o Mestre, quando cada um se encontrou com o Senhor de forma pessoal.
Assim também acontece com você todos os dias. Qual é a sua rotina diária? O que você desempenha? Onde você mora? Com quem convive?
É neste lugar, com essas pessoas e do modo em que você se encontra que Ele lhe chama a cada dia. Ele vai ao seu encontro com as características, personalidade e talentos que você possui. Jesus vai até você no seu ser feminino ou masculino para tocar, agir e falar.
Não se distraia. Preste atenção aos detalhes da sua “escola de humanidade particular”. Aprenda com a Sagrada Família a como conciliar a vida de trabalho, familiar, pastoral, social e de oração. Aprenda, assim, com a Sagrada Família, a ser plenamente humano, pois é dessa maneira que tocará na imagem e semelhança de Deus.
Por Gracielle Reis, via Canção Nova