Espaço Valdocco 66 – Um cesto de Castanhas que não se esvazia nunca
18/11/2015Praça São Pedro: presépio e árvore prontos para o Ano Santo
18/11/2015O encontro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) iniciou na segunda-feira, 16, e reúne até hoje, 18, em Bogotá, Colômbia, bispos, lideranças de congregações religiosas, leigos, padres, indígenas e agentes de Pastoral dos nove países que compõem a Rede.
Na abertura do evento, foi lida a mensagem do presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, cardeal Peter Turkson, que não pôde comparecer. Sua mensagem partiu do contexto de conflitos e perseguições que ocorrem no Oriente Médio e dos ataques terroristas em Paris, Beirute e Bagdá. Como incentivo, afirmou que “nesta história contemporânea de perseguição, desumanização e extermínio, chegou o momento de mostrar à comunidade internacional que a Pan-Amazônia merece um futuro diferente”.
Ao recordar o encontro do papa com movimentos populares, em julho deste ano, falou que as guerras sem sentido e a violência, além da permanentes ameaças ao solo, à água, ao ar e a todos os seres da criação, fazem parte de uma única crise que está afetando a civilização e a terra, a “casa comum”.
“Vivemos um mundo com enormes desafios e muitos de vocês devem enfrentar cada dia a difícil tarefa de proteger este valioso lugar e sua gente. Cada um está dedicando grandes esforços por amor ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Nestes tempos de obscuridade e tristeza na Europa, quero expressar minha gratidão por seu compromisso, por sua perseverança e por seu testemunho que ilumina a América do Sul”, escreveu.
Ao final do texto, cardeal Turkson assume o compromisso de acompanhar atentamente “a cada um dos processos que a Repam levar adiante”, e expressa o desejo de que os membros das Igrejas locais da região possam “dar sua generosa contribuição a esse importante espaço de nossa casa comum”.
Cidadania ecológica
O cardeal Peter Turkson também fez um convite para que os envolvidos no encontro da Repam possam, no próximo dia 29, “exercer a cidadania ecológica”, seja em oração ou marchando. “Todos somos convidados a participar ativamente neste grito mundial por nossa grande casa, por nossos irmãos e irmãs, vítimas da crise climática e ambiental, e pelas gerações futuras”. O cardeal considera que a encíclica Laudato Si’ é um “chamado dramático à sensibilidade e solidariedade de todos”, um convite à construção do Reino de Deus por meio da esperança, do diálogo e da ação.
Proposta
O objetivo do encontro da Repam é fortalecer o acompanhamento da missão do papa Francisco, à luz da encíclica “Laudato si’ – sobre o cuidado da casa comum”, no território Pan-amazônico; ouvir os clamores, as esperanças e horizontes dos povos indígenas da região; e promover a articulação eclesial naquela realidade.
De acordo com a Repam, o encontro será guiado pela análise dos impactos dos grandes projetos na região Pan-Amazônica. O processo é um atendimento ao chamado do papa Francisco para a construção de uma Igreja com rosto amazônico e para a vivência da “cultura do encontro” com todos os povos e comunidades que habitam a região.
“A Pan-Amazônia, um dos mais importantes pulmões do mundo, é um espaço que deve ser defendido por toda a humanidade, se quisermos preservar o planeta terra, a ‘casa comum’, como define o papa Francisco em sua encíclica Laudato Si’”, afirma o arcebispo de Huancayo, no Peru, e animador da Repam, dom Pedro Barreto.
Entre os projetos que serão apresentados, está o da hidrelétrica de São Luiz de Tapajós e seu impacto na bacia do rio Tapajós, no Pará. O tema será abordado pelo líder do povo Munduruku Juárez e pelo bispo prelado de Itaituba (PA), dom Wilmar Santin.
O projeto prevê a construção da usina próximo a Itaituba (PA). A central hidrelétrica será a terceira maior do Brasil, com capacidade de produção de 8040MW, atrás da usina Belo Monte, que deve produzir 11. 233MW, e Tucuruí, com previsão de 8.370MW de potência. O processo para a implementação do empreendimento tem gerado um conflito com o povo Munduruku que, desde outubro de 2014, iniciou a segunda autodemarcação da Terra Indígena Sawré Muybu, localizada na orla direita do rio Tapajós.
Outro item na pauta do encontro é a reflexão sobre o caso das violações de direitos dos povos indígenas da Amazônia do Peru, que será conduzida pelo líder Cocama, Alfonso López Tejada. O padre Dário Bossi, missionário comboniano que atua em Açailândia (MA) e que contribuiu para a produção do livro “Igreja e Mineração – em defesa da vida e dos territórios”, vai falar sobre os impactos da mineração na região, a partir de um olhar profético.
Por CNBB com Repam