“Falta de saneamento básico destrói casa comum e vida da família que a habita”
11/02/2016Papa: saneamento básico é condição para superar injustiça social
11/02/2016Um passo corajoso que trará bons frutos ao diálogo ecumênico. Palavras do Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, ao comentar o histórico encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias Kirill (foto), a se realizar em Havana, em 12 de fevereiro. O inesperado anúncio do encontro foi realizado em 5 de fevereiro:
“Obviamente é uma surpresa o fato de que, pela primeira vez na história um Patriarca russo-ortodoxo e o Bispo de Roma, como Pontífice da Igreja universal Católica, se encontrem; naturalmente, tudo estava previsto há muito tempo”.
RV: Por que o encontro se realizará em Cuba e não na Europa?
“É necessário fazer duas considerações. Uma que o Santo Padre Francisco, no voo de retorno da sua visita à Turquia, à Constantinopla, disse claramente: “Desejo encontrar o Patriarca Ortodoxo Kirill; ele pode decidir onde e como e eu vou”. Depois disto houve aquela coincidência de que o Papa iria ao México e que o Patriarca tinha em programa a visita a Cuba: portanto, chegou-se a esta solução. Nos bastidores, porém, o que ocorreu é que o Metropolita Hilarion mencionou claramente na coletiva de imprensa de apresentação do evento: da parte ortodoxa não se desejava que este encontro se realizasse na Europa, porque a Europa é o continente das divisões das Igrejas, enquanto estes encontros não são voltados a sublinhar as divisões, mas sim indicar a superação de tais divisões. Por isto foi escolhida esta localidade”.
RV: Serão tratados também os “temas quentes”? Se falará também daquilo que é obstáculo à unidade?
“Obviamente, em uma conversa de duas horas não se pode falar de tudo, mas seguramente se falará das questões que dizem respeito aos dois Chefes das Igrejas, de um ponto de vista pessoal e eclesial”.
RV: A questão ucraniana será um dos temas tratados?
“Precisamente a Ucrânia foi por muito tempo a razão pela qual não se conseguiu organizar este encontro, pelo lado ortodoxo. O Patriarca Ortodoxo russo está muito tocado pela situação na Ucrânia, e por outro lado também o Papa ficou muito tocado pelo conflito que está em andamento na Ucrânia e pelas dificuldades existentes nas relações entre Igreja Greco-católica e as Igrejas Ortodoxas, porque a Igreja Greco-católica é parte da nossa Igreja. Tudo isto toca e preocupa muito o Papa. Penso que seja possível encontrar-se sem falar de tais questões”.
RV: Quais serão os próximos passos? Este é um encontro, mas obviamente se espera que traga progressos no campo ecumênico…
“Seguramente irá forjar as relações dentro da ortodoxia. Até agora, com muitos dos Patriarcas Ortodoxos, não temos contatos – entre o Papa e estes Patriarcas – e este encontro poderá contribuir também para aprofundar as relações intra-ortodoxas, precisamente em vista do Concílio Panortodoxo que se realizará em junho, em Creta. Neste ponto, seguramente trará bons frutos para o diálogo teológico, que nós conduzimos não somente como Igrejas particulares, mas com o conjunto da ortodoxia; e no momento em que houver relações melhores, uma melhor compreensão mútua entre Roma e Moscou, isto seguramente poderá ter reflexos positivos no diálogo teológico”.
RV: Levantam-se também vozes críticas, em particular no campo ortodoxo russo; também os comentários dos greco-católicos nem sempre são positivos… existem temores. Qual a sua opinião a respeito destas reservas?
“Acredito que o Patriarca russo-ortodoxo esteja profundamente consciente desta atmosfera, destas reações, e esta é a mais forte confirmação da vontade de realizar este encontro. Neste sentido, gostaria de dizer que este gesto do Patriarca é seguramente um passo corajoso”.
Por Rádio Vaticano