Por que o Papa não encontrou os familiares dos 43 estudantes de Ayotzinapa?
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19/02/2016O Papa está de volta ao Vaticano, depois de cumprir a sua 12ª viagem internacional, em que, visitando diferentes realidades do país, tratou temas desde o narcotráfico até o drama da migração. Percorrendo seis localidades em cinco dias, o Pontífice argentino encontrou crianças, jovens, presos, vítimas da violência, migrantes, trabalhadores, empresários, políticos e autoridades.
Aprender a pedir perdão
Lamentando o sofrimento de gerações de indígenas mexicanos, vítimas de repressão, exploração e exclusão ao longo dos séculos, o Papa disse:
“Alguns consideram inferiores seus valores, sua cultura e as suas tradições. Outros, fascinados pelo poder, o dinheiro e as leis do mercado, espoliaram-vos das vossas terras ou realizaram empreendimentos que as contaminaram. Que tristeza! Como nos seria útil fazer um exame de consciência e aprender a pedir perdão”.
Ao todo, o país tem 11 milhões de mexicanos indígenas e a etapa do Chiapas foi escolhida pessoalmente por Francisco. Para garantir que sua mensagem fosse entendida por todos ali presentes, a liturgia foi celebrada em espanhol e em três línguas indígenas.
Reforçar a pastoral indígena
Desde o início de seu Pontificado, Bergoglio tem encorajado a pastoral indígena, definindo-a uma prioridade para dar à Igreja um ‘rosto autóctone’. A visita ao México e a proximidade do Papa aos índios daquele país representam para nós, brasileiros, “uma esperança”: é o que pensa o Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.
“O Papa tem se mostrado mais uma vez aquele Papa que ele mesmo vai às periferias. Ele conclama a Igreja, mas é o primeiro que vai. E vai com todo o sacrifício, não importa o que custe. Ele vai porque quer encorajar, dar esperança, dar apoio, estar presente e consolar aqueles que estão mais sofridos”.
Holofotes em Chiapas
“Uma das visitas mais importantes, para nós, aqui na América Latina, foi a visita dele a Chiapas, junto à realidade indígena. Um dos lugares mais periféricos, o que mostra como os indígenas estão sendo tratados, como estão sendo excluídos, como sempre estão sendo esquecidos, como muitas vezes são apenas tolerados; e têm grandes carências em ver atendidos os seus direitos mais fundamentais”.
“A Igreja esteve sempre presente e sempre se pergunta até que ponto deverá estar mais atenta, mesmo reconhecendo todo o bem que foi feito antigamente, nos caminhos da evangelização… mas ainda há muito o que ser feito, e o Papa tem mostrado caminhos para a enculturação. Um dos exemplos, ali muito concreto, foi quando autorizou a liturgia numa das línguas indígenas locais. Isto é um gesto muito importante, que nós também de alguma forma estamos procurando ver se é possível promover aqui na Amazônia, onde também há áreas indígenas com línguas próprias”.
O clero autóctone
“Ele mostrou muito claramente que a Igreja tem que encontrar uma verdadeira pastoral indígena, ou seja, encarnada na história, na cultura, nos costumes, na gente local: uma Igreja indígena e, portanto, um clero indígena. Ele encontrou muitos diáconos permanentes casados, padres indígenas. Realmente um trabalho muito importante tem sido feito pelos bispos de Chiapas no passado recente, sobretudo a partir de Dom Samuel Ruiz e seus sucessores. O Papa vem apoiando este trabalho sério de uma pastoral, de uma missão realmente indígena. Para mim, uma das coisas mais preciosas desta viagem foi exatamente esta visita a Chiapas, o que ele disse em Chiapas, o que ele fez, seus gestos em relação aos indígenas.
Por Rádio Vaticano