Dom Ravasi: “dialogar não significa estar de acordo”
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11/04/2016A Sala de Imprensa da Santa Sé ficou lotada para a apresentação da Amoris laetitia do Papa Francisco. Foram duas horas de coletiva.
Os jornalistas ouviram os relatores destacarem a linguagem positiva do texto, de mais de 200 páginas, e de sua abordagem simples e concreta para temas complexos. Em sintonia com o período jubilar que a Igreja está vivendo, a chave de leitura para o documento é a misericórdia pastoral.
Como destacou o Arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schönborn, o Papa conseguiu falar de todas as situações sem catalogar, sem dividir em categorias. “Ninguém deve se sentir condenado, ninguém deve se sentir desprezado”, afirmou. “Algo mudou no discurso eclesial”, disse ainda o Arcebispo de Viena, afirmando ainda que, para ele, Amoris Laetitia é um “evento linguístico”.
O Secretário do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, de fato, ressaltou as fontes que inspiraram a Exortação: os documentos conclusivos dos dois Sínodos, teólogos medievais e modernos, textos de outros Papas e autores contemporâneos, como Jorge Luis Borges e Martin Luther King.
O documento, destacou ainda o Cardeal Baldisseri, coroa o trabalho bienal do Sínodo, cuja reflexão envolveu todas as dimensões da instituição familiar, que hoje vive uma forte crise em todo o mundo.
Portanto, não há vencedores nem derrotados. Não há fórmulas prontas nem tampouco uma lei a ser aplicada. A doutrina não muda, mas há acompanhamento, discernimento e integração.
“Não seria um desafio demasiado excessivo para os pastores, para as comunidades, se este discernimento não é regulamentado de modo claro?”, questionou o Cardeal Schönborn, respondendo: “O Papa Francisco conhece esta preocupação, mas afirma: ‘colocamos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e de significado real. E esta é a pior maneira de aguar o Evangelho’.
Divorciados recasados
O Programa Brasileiro participou da coletiva e entrevistou o Cardeal Baldisseri, que foi Núncio Apostólico no Brasil.
Quanto a um dos temas que mais chama a atenção da mídia, dos divorciados recasados – questão tratada no número 300 do oitavo capítulo da Exortação – o Secretário do Sínodo afirmou:
“O Santo Padre explica que, efetivamente, há que considerar não só a norma como tal da Igreja, de que o matrimônio é indissolúvel, mas há que ter em conta as situações. Caso por caso. Este discernimento para poder entender os casos se faz com as pessoas envolvidas, o sacerdote e a Igreja. É um trabalho de direção espiritual. O documento não dá normas, mas diz: ‘consideram a situação de cada caso’. E a conclusão será do padre e das pessoas em questão. O que interessa é o discernimento e a integração das pessoas que necessitam, amadurecendo a consciência e a relação com a Igreja. Ninguém está excluído.”
Por Rádio Vaticano