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06/06/2016Dez refugiados de quatro países diferentes são os integrantes da inédita Equipe Olímpica de Atletas Refugiados que disputará os Jogos do Rio 2016. Os nomes foram anunciados na manhã da última sexta-feira, 3, pelo Comitê Olímpico Internacional. A equipe será composta por dois nadadores sírios, dois judocas da República Democrática do Congo e seis corredores da África (um da Etiópia e cinco do Sudão do Sul).
Todos eles deixaram seus países devido a conflitos e perseguição, e encontraram refúgio na Alemanha, Brasil, Bélgica, Luxemburgo e Quênia. Os dois judocas Popole Misenga e Yolande Mabika vivem no Rio de Janeiro. É a primeira vez, na história dos Jogos Olímpicos, que haverá uma equipe composta exclusivamente por atletas refugiados.
Em comunicado oficial, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) comemorou o anúncio da equipe. “A iniciativa de montar um time de refugiados para os Jogos Olímpicos manda uma forte mensagem de apoio e esperança para os refugiados ao redor do mundo. Esta iniciativa chega no momento em que, mais do que nunca, milhares de pessoas têm sido forçadas a deixar suas casas por motivos de conflitos armados, violação de direitos humanos ou perseguição”, afirmou o ACNUR. Ao final de 2014, a população global de refugiados, deslocados internos e solicitantes de refúgio era de 59,5 milhões de pessoas.
A Equipe Olímpica de Atletas Refugiados competirá em nome do COI, e sob a bandeira olímpica. Na cerimônia de abertura dos Jogos do Rio, em 5 de agosto de 2016, a equipe desfilará imediatamente antes da delegação brasileira.
Os atletas refugiados, anunciados hoje pelo Comitê Executivo do COI, são:
Ramis Anis, da Síria (Natação, 100 metros borboleta – masculino); vive na Bélgica;
Yiech Pur Biel, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – masculino); vive no Quênia;
James Nyang Chiengjiek, do Sudão do Sul (Atletismo, 400 metros – masculino); vive no Quênia;
Yonas Kinde, da Etiópica (Atletismo, maratona – masculino); vive em Luxemburgo;
Anjelina Nada Lohalith, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – feminino); vive no Quênia;
Rose Nathike Lokonyen, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – feminino); vive no Quênia;
Paulo Amotun Lokoro, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – masculino); vive no Quênia;
Yolande Bukasa Mabika, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – feminino); vive no Brasil;
Yusra Mardini, da Síria (Natação, 200 metros livres – feminino); vive na Alemanha;
Popole Misenga, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – masculino); vive no Brasil.
“Estamos muito satisfeitos com a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados. São pessoas que tiveram suas carreiras esportivas interrompidas após serem forçadas a abandonar seus países devido à violência e à perseguição. Agora, estes atletas refugiados de alto nível finalmente terão a chance de seguir seus sonhos. A participação deles nas Olimpíadas é o resultado da coragem e perseverança de todos os refugiados que se esforçam para superar as diferenças e construir um futuro melhor para eles e para suas famílias. O ACNUR se solidariza a eles e a todos os refugiados”, afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
A participação de refugiados nas Olimpíadas representa um marco fundamental na parceria de longa data entre o ACNUR e o COI. Esta relação, que já se estende há 20 anos, promove o desenvolvimento e o bem-estar dos refugiados no mundo todo, em particular das crianças. Por meio de projetos conjuntos, o ACNUR e o COI apoiam programas para a juventude e atividades desportivas em pelo menos 20 países, reformamos quadras poliesportivas em vários campos de refugiados e provimos kits esportivos para jovens refugiados.
Outras ações de integração
Dois refugiados foram selecionados para conduzir a Tocha Olímpica: a estudante síria Hanan Dacka, que carregou a chama olímpica em Brasília, e o guinense Abdoulaye Kaba, que é jogador de futebol no Brasil e conduzirá a Tocha em Curitiba, dia 14 de julho.
A parceria também envolveu o recrutamento de refugiados residentes no Rio de Janeiro para participação como voluntários durante os jogos e também junto a um importante legado dos Jogos Rio 2016: o conteúdo educativo dos jogos, disponível para professores e coordenadores pedagógicos como aulas digitais pelo link www.rio2016.com/educacao/midiateca/coordenadores-pedagogicos/tregua-olimpica
Para o Representante do ACNUR no Brasil, Agni Castro-Pita, que também conduziu a Tocha Olímpica, “a parceria entre ACNUR e COI promove visibilidade para a situação dos refugiados no mundo todo e relaciona os valores olímpicos fundamentais da tolerância, solidariedade e paz com a necessidade da pessoa refugiada. Durante os Jogos Olímpicos, a comunidade internacional se reúne para uma competição pacífica e este é um momento singular para estender esta mensagem a qualquer pessoa no mundo, considerando a diversidade como elemento fundamental para a sociedade global para que se possa conviver em harmonia, sem qualquer tipo de discriminação”.
O anúncio da equipe de refugiados coincide com o lançamento global da campanha do ACNUR #ComOsRefugiados, que integra a esta parceria entre a Agência da ONU para Refugiados e o COI para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
O marco da campanha #ComOsRefugiados é uma petição www.acnur.org/diadorefugiado/peticao/ para que as autoridades governantes possam garantir que cada criança refugiada tenha acesso à educação, que todas as famílias refugiadas tenham a possibilidade de viver em um lugar seguro, e que todos os refugiados possam trabalhar e aprender novos conhecimentos para contribuírem positivamente para suas comunidades. A petição será entregue às autoridades antes da reunião de Alto Nível da ONU sobre Refugiados e Migrantes, prevista para acontecer dia 19 de setembro em Nova York.
Por Canção Nova, com ACNUR