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18/07/2016“Está presente em nossos corações a dor pelo massacre que, na quinta-feira passada, em Nice, ceifou tantas vidas inocentes.” No Angelus deste domingo, ao meio-dia, o Papa Francisco manifestou mais uma vez, diante de milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana, seu pesar e proximidade a todas as pessoas atingidas pelo grave atentado terrorista ocorrido na cidade do sul da França, que deixou 84 mortos, entre os quais muitas crianças.
“Faço-me próximo de cada família e de toda a nação francesa em luto. Deus, Pai de bondade, acolha todas as vítimas em sua paz, auxilie os feridos e conforte os familiares; Ele desfaça todo projeto de terror e de morte, a fim de que nunca mais nenhum homem ouse derramar o sangue do irmão. Um abraço paterno e fraterno a todos os habitantes de Nice e a toda a nação francesa.
Em seguida, o Santo Padre convidou os presentes a rezar, primeiro em silêncio, todos juntos, uma Ave-Maria, pensando na tragédia, nas vítimas, nos familiares.”
Na alocução que precedeu a oração dominical, ateve-se ao Evangelho do dia (Lc 10,38-42), que traz o notável episódio da visita de Jesus às irmãs Maria e Marta. Ambas oferecem acolhimento ao Senhor, mas fazem-no de diferente modo, observou o Pontífice reportando a passagem evangélica.
Maria se assenta aos pés de Jesus e ouve sua Palavra, ao invés, Marta, toda preocupada na lida da casa, a um certo ponto vai até Jesus e diz:
“Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”. E Jesus lhe responde: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada”.
“No seu ocupar-se com os afazeres, Marta corre o riso de esquecer. E esse é o problema: corre o risco de esquecer a coisa mais importante, ou seja, a presença do hóspede, que era Jesus neste caso. Esquece-se da presença do hóspede. E o hóspede não deve ser simplesmente servido, alimentado, assistido em todas suas necessidades. Sobretudo, é preciso que seja ouvido. Recordem-se bem dessa palavra. ouvir! Porque o hóspede deve ser acolhido como pessoa, com a sua história, seu coração rico de sentimentos e de pensamentos, de modo a poder sentir-se verdadeiramente em família.”
A resposta que Jesus dá a Marta – quando lhe diz que uma só coisa é necessária – encontra seu significado pleno na referência à escuta da Palavra de Jesus mesmo, aquela Palavra que ilumina e dá sustento a tudo aquilo que somos e que fazemos, disse o Pontífice, acrescentando:
“Se nós vamos rezar – por exemplo – diante do Crucifixo e falamos, falamos, falamos e falamos, e depois vamos embora: não ouvimos Jesus! Não deixamos Ele falar ao nosso coração. Ouvir: essa é palavra-chave. Não devemos esquecer que a Palavra de Jesus ilumina e dá sustento a tudo aquilo que somos e que fazemos.”
Não devemos esquecer – enfatizou – que também na casa de Marta e Maria, Jesus, antes de ser Senhor e Mestre, é peregrino e hóspede. Portanto, sua resposta tem este primeiro e mais imediato significado:
“Para acolhê-lo não são necessárias muitas coisas; aliás, necessária é uma só coisa: ouvi-lo – a palavra: ouvi-lo –, demonstrar-lhe uma atitude fraterna, de modo que perceba estar em família, e não numa situação de acolhimento provisório.”
Assim entendida, acrescentou o Papa, “a hospitalidade – que é uma das obras de misericórdia – se mostra verdadeiramente como uma virtude humana e cristã, uma virtude que no mundo de hoje corre o risco de ser negligenciada”.
Francisco ressaltou que se multiplicam as casas de recuperação e os centros de abrigo, “mas nem sempre nestes ambientes se pratica uma verdadeira hospitalidade. Criam-se várias instituições que contrastam muitas formas de doença, de solidão, de marginalização, mas diminui a probabilidade para quem é estrangeiro, marginalizado, excluído, de encontrar alguém disposto a ouvi-lo. Porque é estrangeiro, refugiado, migrante. Ouvir aquela dolorosa história!”, frisou.
Até mesmo na própria casa, entre os próprios familiares, pode verificar-se que se encontrem mais facilmente serviços e cuidados de vários tipos, do que escuta e acolhimento, observou o Papa.
Francisco afirmou que hoje estamos de tal modo absortos, com frenesi, nos muitos problemas – e alguns dos quais não importantes –, que nos falta a capacidade de ouvir. Estamos continuamente atarefados e assim não temos tempo para ouvir.
Dito isso, o Pontífice dirigiu-se aos presentes na Praça São Pedro, interpelando-os, pedindo a cada um que respondesse em seu coração:
“Você, marido, tem tempo para ouvir sua mulher? E você, mulher, tem tempo para ouvir seu marido? Vocês, pais, têm tempo, tempo a perder, para ouvir seus filhos ou seus avós, os anciãos” – “Mas, os avós dizem sempre as mesmas coisas, são monótonos…” – “Mas precisam ser ouvidos!” Peço-lhes que aprendam a ouvir e a dedicar-lhes mais tempo. Na capacidade de ouvir está a raiz da paz.”
Por Rádio Vaticano