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05/09/20163ª-feira da 23ª Semana Tempo Comum
06/09/2016Dados da Câmara Brasileira de Livros mostram que as vendas de obras literárias de conteúdo religioso no Brasil teve um crescimento constante nos últimos dez anos. Apesar da crise e recessão econômica, o segmento vendeu aproximadamente 68,4 milhões de exemplares em 2015 – ou seja, 61% a mais comparado a 2006, quando a marca era 42,4 milhões de exemplares.
O crescimento é comemorado pelas editoras católicas, que veem as edições da Bienal Internacional de Livros de São Paulo como uma das principais vitrines para a divulgação de suas publicações.
A feira se encerrou no dia 4 de setembro e reuniu 280 expositores entre editoras, livrarias e distribuidoras, além de autores nacionais e internacionais, lançamentos de livros, tardes de autógrafos, oficinas, brincadeiras e debates.
Bienal de São Paulo, oportunidade para segmento religioso
Paulo Silas conversou com representantes de algumas delas sobre a atuação do segmento religioso no mercado editorial. O gerente comercial da Editora Santuário, Edimar Custódio, acredita que a Bienal é uma ótima oportunidade para apresentar e divulgar o catálogo da empresa para o público.
“A Bienal é grande oportunidade em que o mercado editorial se reúne para atender o seu público fiel e também para apresentar (o seu catálogo) para clientes em prospecção. Essa é grande oportunidade nossa.”
Diversificar pontos de venda para contrastar a crise
De acordo com Custódio, o segmento religioso vai contra a corrente do mercado editorial, que tem sido afetado pela crise econômica brasileira. Ele acredita que a diversificação dos pontos de venda pode explicar o caminho inverso.
“Isso se dá por dois motivos. Quando as pessoas estão passando por um momento de dificuldade, buscam a fé e, através disso, pode ser uma das vertentes do crescimento nosso da linha editorial. O segundo fator, são os pontos de venda alternativos para as vendas de livro. Hoje, os templos, as igrejas e as comunidades tornaram-se um ponto de vendas de livro ou também um ponto de formadores de opinião, que são os líderes religiosos, que influenciam o consumo do mercado. Os dois fatores determinam um pouco o crescimento.”
Papa Francisco traz inovação no mercado
Além disso, Custódio acredita que o Papa Francisco contribuiu diretamente nas inovações do segmento religioso. Para ele, o líder da Igreja Católica trouxe um novo ar para o mercado editorial.
“O Papa Francisco trouxe um novo ar à Igreja Católica, então, consequentemente tudo o que é relacionado à igreja se motiva e se transforma. E não é diferente com a linha editorial. A partir da linha teológica e da linha de formação que o Papa Francisco segue, surgem novas publicações dentro desse carisma que ele começa a transmitir na igreja.”
A responsável pela área infanto-juvenil da editora Paulinas, Irmã Maria Goretti de Oliveira, também reconhece que o Papa Francisco tem contribuído positivamente para o mercado literário. Segundo ela, existe um interesse cada vez maior por esse tipo de conteúdo.
“O Papa Francisco trouxe uma abertura muito grande para a Igreja como um todo. As publicações acabam ganhando mais visibilidade, não só os livros que falam sobre o Papa Francisco, mas de uma modo geral. Nós publicamos também os documentos dele, então, percebemos que as pessoas estão lendo mais os documentos da Igreja, que antes ficava muito restrito.”
Mais espaço para crianças e jovens
Sobre o departamento infanto-juvenil, Irmã Goretti diz que a área tem crescido bastante e já representa 20% do total de catálogos da Paulinas. De acordo com ela, há muito material bom no Brasil e lamenta não poder publicar todos.
“Nós temos em nosso catálogo mais de 500 títulos. A área infanto-juvenil corresponde a 20% do total do catálogo. É uma área que tem crescido bastante. No Brasil, realmente, o mercado é muito amplo. Também há autores infanto-juvenis muito bons. Chega muita coisa boa para a Paulinas. Uma pena que não podemos publicar tudo. É um mercado que, no Brasil, cresce cada vez mais.”
Interesse pela formação humana e espiritual
Já o Padre Zulmiro Caon, um dos responsáveis pela área comercial da Editora Paulus, acredita que o crescimento do segmento religioso possui duas vertentes: o interesse cada vez maior do público pela formação humana e a parte espiritual.
“O produto religioso é um nicho, uma área de mercado que, quando está em dificuldade, cresce mais. Diametralmente acompanha a dificuldade da sociedade. Quando eu vejo, por um lado, o crescimento da produção e o crescimento do consumo do segmento religioso, tenho duas vertentes de análise. Primeiro, o interesse pela formação humana, religiosa, porque, principalmente em nosso caso, somos uma editora católica, porém, que ela não traz consigo apenas livros confessionais, mas, propostas que levam a valorizar a vida humana. Então, alargamos o leque. Então, percebemos o interesse não somente da parte religiosa, mas do segmento humano. A outra vertente é o religioso, em que busco uma resposta para a dificuldade em que vivo.”
Ainda segundo ele, a leitura será sempre fundamental para a vida do ser humano. “A leitura continua sendo uma ferramenta insubstituível, onde a pessoa lê, relê, rabisca, anota e volta a reler. É por assim dizer uma reflexão da vida”, diz.
Por Rádio Vaticano