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13/09/2016O drama da perseguição e discriminação a milhões de cristãos no mundo que acontece ainda hoje, no início do Terceiro Milênio, virou livro apresentado nesta segunda-feira, 12, em Roma. A obra intitulada “Perseguirão também vocês” é de autoria de Marta Petrosillo, porta-voz da entidade italiana da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
A autora explica que, paradoxalmente, os valores cristãos tornam os cristãos mais vulneráveis. “Uma vez, um rapaz de Bagdá me disse: ‘eles sabem perfeitamente que nós nunca nos vingaremos e, então, essa nossa disponibilidade ao perdão nos torna obviamente mais vulneráveis’”. Confira abaixo uma entrevista com Marta por ocasião do lançamento do livro:
Muitas vezes o Papa Francisco falou da perseguição dos cristãos, do seu martírio e disse “só porque são cristãos”, sublinhando o silêncio cúmplice de tantas potências. Fundamental, pelo contrário, é construir sociedades em que exista um pluralismo saudável, respeitando os outros e os seus valores. Quanto pesa a postura de alguns poderes fortes do mundo em fazer passar essa perseguição em silêncio?
Marta Petrosillo – Pesa muito. O primeiro passo a cumprir para deter a perseguição cristã, que assume hoje também novas formas, é a consciência, porque somente conhecendo a realidade se pode passar a tomar medidas que obviamente devem ser tomadas pelos nossos governos. Um certo progresso tem sido visto nos últimos anos.
Quanto é importante o diálogo inter-religioso, não identificar o islamismo com o terrorismo e os gestos de encontro entre os representantes das religiões promovidos por Francisco?
Marta – Fundamentais as repercussões que as palavras do Santo Padre têm nos países em que os cristãos são perseguidos. Dom Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, me contava como o discurso feito pelo Papa Francisco, em que pediu para não identificar o terrorismo com o islamismo, foi muito apreciado pela comunidade islâmica local. Muitos líderes islâmicos quiseram encontrar o arcebispo para expressar reconhecimento e pedir para levar a sua mensagem diretamente a Francisco. Então, as palavras do Santo Padre são fundamentais inclusive nos países onde os cristãos não são perseguidos para favorecer o diálogo inter-religioso e fazer com que seja a comunidade islâmica local – que, lembramos, não é para ser identificada com o terrorismo – a se unir à comunidade cristã e a demonstrar solidariedade.
Por exemplo, no Paquistão, para defender os cristãos, as pessoas de fé muçulmana são mortas…
Marta – Não faltam exemplos de muçulmanos que, também a custo de vida, têm defendido os cristãos. Um exemplo é aquele de Salman Taseer, o governador de Punjab, morto em 2011 por causa do seu empenho pela liberação de Asia Bibi.
No livro, um capítulo é dedicado às mulheres cristãs nos países de maioria islâmica, vítimas quase sempre de estupros, sequestros por parte dos extremistas. A situação das mulheres, duplamente discriminadas enquanto mulheres, lhe tocou muito?
Marta – Sim, me tocou muito, porque existe realmente um panorama dessas mulheres que são duplamente vulneráveis: vulneráveis porque mulheres e vulneráveis porque são minoria. Há o tema dos estupros, das conversas forçadas, mas também da imposição da vestimenta islâmica para as mulheres cristãs. Penso, por exemplo, no Sudão, onde as mulheres cristãs foram chicoteadas somente porque usavam uma saia considerada muito curta, mesmo se não eram obrigadas a cumprir com o código de vestimenta islâmica.
Por Canção Nova, com Rádio Vaticano