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25/10/2016A cidade de São Paulo prestou homenagem na noite desta segunda-feira (24/10) a seu arcebispo emérito, Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que completou em 14 de setembro passado 95 anos. Em duas horas de testemunhos e agradecimentos, amigos e companheiros de luta em defesa dos direitos humanos lotaram o auditório do Tuca para lembrar a resistência do cardeal à ditadura militar, a partir de 1966.
Mais de 500 participaram da homenagem
A celebração marcou ainda o pré-lançamento da biografia ‘Dom Paulo: Um homem amado e perseguido’, de Evanize Sydow e Marilda Ferri. No evento, as autoras apresentaram em uma brochura o oitavo capítulo da obra, que reconstrói a mobilização de Dom Paulo em resposta à morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura.
Entre os convidados que se sentaram à mesa, ao lado do homenageado, estavam a reitora da PUC, Ana Maria Marques Cintra, o ex-ministro José Gregori, o jurista Dalmo de Abreu Dallari, o bispo emérito de Blumenau (SC) e auxiliar emérito de São Paulo, Dom Angélico Sandalo Bernardino, e o coordenador nacional do MST, João Paulo Stédile.
No ato, diante de cerca 500 pessoas, o professor Pe. Fernando Altemeyer, da PUC-SP, leu a carta enviada ao aniversariante pelo Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson.
Card. Turkson: “O exemplo de Dom Paulo”
O cardeal ganês define Dom Paulo “exemplo luminoso de bispo que encarnou eficazmente em sua ação pastoral o espírito da renovação conciliar”, lembra “seu pastoreio na grande arquidiocese paulista”, e o chamado a ser conselheiro e colaborador especial de Paulo VI, que em seguida o nomeou cardeal.
O Cardeal Turkson ainda ressalta que Dom Paulo é uma “concretização profética da renovação pastoral exigida pelo Concílio e da qual o nosso Santo Padre Francisco nos vem continuamente chamando à atenção” e ressalta a ousadia e a criatividade do modo como o homenageado “procurou exercer o seu episcopado”.
O espírito do Concílio: dedicação aos pobres e vítimas de hoje
A carta enviada pelo Vaticano dá destaque também à “extremosa dedicação do Cardeal Arns aos mais pobres e às vitimas da injustiça e da violência do nosso mundo de hoje, “solicitude que tem sido uma das características fundamentais da figura de todos os agentes pastorais formados no espírito do Concílio, começando pelo bispo”.
Finalizando, o Cardeal Peter Turkson mencionou um trecho da Encíclica de Francisco Evangelii Gaudium:
«Desejamos assumir, a cada dia, as alegrias e esperanças, as angústias e tristezas do povo brasileiro, especialmente das populações das periferias urbanas e das zonas rurais – sem terra, sem teto, sem pão, sem saúde – lesadas em seus direitos. Vendo a sua miséria, ouvindo os seus clamores e conhecendo o seu sofrimento, escandaliza-nos o fato de saber que existe alimento suficiente para todos e que a fome se deve à má repartição dos bens e da renda. O problema se agrava com a prática generalizada do desperdício»” (n. 191).
O Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz pede “ao Pai celeste, com a intercessão de S. Francisco de Assis, que derrame muitas bênçãos sobre Dom Paulo”.
Num discurso de sete minutos, Dom Paulo agradeceu a homenagem com uma voz forte e clara, apesar da idade.
Biografia
Natural de Forquilhinha, em Santa Catarina, no dia 14 de setembro de 1921, numa colônia de imigrantes alemães. Religioso da Ordem dos Frades Menores de São Francisco de Assis, foi ordenado em 1945, nomeado bispo auxiliar de São Paulo em 1966, elevado a arcebispo em 1970, e feito cardeal em 1973 pelo Papa Paulo VI.
Renunciou ao completar 75 anos em 1996, mas só deixou o governo da arquidiocese em 15 de março de 1998, quando foi substituído por outro franciscano, Dom Cláudio Hummes.
Hoje, Dom Paulo reside numa casa de religiosas em Taboão da Serra, na diocese de Campo Limpo, região metropolitana de São Paulo.
Por Rádio Vaticano