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15/05/2017Este 13 de maio de 2017, o Papa Francisco canonizou em Fátima os pastorzinhos Jacinta e Francisco Marto, cuja festa litúrgica será celebrada no dia 20 de fevereiro de cada ano, data do falecimento de Jacinta.
Muitos se perguntam o porquê de Lúcia não ter sido canonizada junto com seus primos, visto ter estado presente nas aparições?
Jacinta e Francisco Marto, os dois irmãos de apenas nove e dez anos, junto com a prima Lúcia dos Santos, tiveram visões de Nossa Senhora pela primeira vez em 13 de maio de 1917, seguindo-se em todos os dias 13 de cada mês, até chegar ao mês de outubro. Nos “encontros celestiais”, Maria deixou mensagens sobre acontecimentos futuros e recomendações aos pequenos, entre estas, a de rezar o Rosário diariamente.
Processo de beatificação de Lúcia
A Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, nome que adotou quando professou os seus votos perpétuos, em 31 de maio de 1949, morreu a 13 de fevereiro de 2005 e foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sendo os seus restos mortais trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima a 19 de fevereiro de 2006, ficando ao lado de sua prima Jacinta.
Três anos após a morte de Lúcia, em 3 de fevereiro de 2008, o Cardeal José Saraiva Martins, então Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, anunciava no Carmelo de Coimbra, que o Papa Bento XVI havia atendido ao pedido do Bispo de Coimbra, Dom Albino Cleto, e de numerosos fiéis em todo o mundo, para que fosse dispensado o período canônico de espera de cinco anos para abertura do processo de beatificação da vidente, autorizando assim a sua antecipação.
A fase diocesana do processo foi aberta por Dom Albino Cleto, em 30 de abril de 2008, e a sua conclusão foi anunciada em 13 de janeiro de 2017. A sessão solene de encerramento do processo decorreu a 13 de fevereiro de 2017, nove anos depois do seu início e 12 anos após a morte da vidente. Imediatamente, a documentação foi enviada para a Congregação da Causa dos Santos, onde está sendo avaliada.
Um longo período que se justificou, segundo a Irmã Ângela Coelho, vice-postuladora da Causa de Canonização da Irmã Lúcia, pela necessidade de analisar a numerosa documentação sobre a vidente, grande parte da qual existente no Vaticano, e de recolher os testemunhos acerca da sua fama de santidade e das suas virtudes heroicas, culminando num volumoso processo de 15 mil páginas que passa, agora, para a fase romana de análise, sob competência da Congregação para as Causas dos Santos.
Jacinta e Francisco
Francisco morreu com 10 anos em 4 de abril de 1919, de febre espanhola e Jacinta, dez meses mais tarde, em 20 de fevereiro de 1920, prestes a completar 10. A fama de santidade dos dois pastorzinhos, logo após as suas mortes, já havia se difundido por todo o mundo.
Nossa Senhora, em 1917, havia dito às crianças que logo levaria ao céu Jacinta e Francisco, e foi o que ocorreu. “Quando Lúcia soube desta notícia, teve medo de ficar sozinha, sem a companhia dos primos. Então Maria disse a Lúcia para não temer: ‘O meu Coração Imaculado será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus'”, recordou à RV o Cardeal Angelo Comastri.
O pedido para investigar a santidade dos dois foi iniciado pela Diocese de Leiria somente em 1952 e concluído em 13 de maio de 1989, com o decreto de João Paulo II que reconhecia a “heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires”, abrindo assim o precedente para o reconhecimento da santidade dos dois.
Na realidade, o obstáculo existente era uma questão de fundo debatida no decorrer do século XX, em relação à possibilidade ou não de levar em consideração duas crianças como candidatos à canonização. A questão foi então resolvida em 1981 por meio de um um documento emitido com este propósito pela Congregação da Causa dos Santos.
Relatos de Lúcia fundamentais para canonizações
Em setembro de 1935, o corpo incorrupto de Jacinta foi trasladado de Vila Nova de Ourém a Fátima. O corpo foi fotografado e o Bispo de Leiria-Fátima, José Alvez Correia da Silva, enviou uma cópia à Lúcia, que havia se tornado uma Irmã dorotéia. Na ocasião, o prelado havia pedido a Lúcia que escrevesse tudo o que sabia sobre a vida de Jacinta. Nascia assim a primeira memória, que ficou pronta no Natal de 1935.
Sucessivamente o bispo pediu que Lúcia escrevesse também suas recordações a respeito de Francisco e os fatos ocorridos em Fátima.
Não fossem estes relatos deixados sobre a breve vida dos dois irmãos, talvez ninguém poderia ter pensado em abrir uma Causa de Canonização, mesmo porque naquele tempo ainda não havia sido decretado o reconhecimento de “exercício das virtudes em grau heróico” também para os pequenos.
Beatificação e canonização
O milagre atribuído à intercessão de Francisco e Jacinta, e que levou à beatificação dos dois por João Paulo II em 13 de maio do ano 2000, foi reconhecido em 1999. Já o que abriu o caminho para a canonização, foi reconhecido em 23 de março passado, e diz respeito ao menino paranaense Lucas, que na época tinha seis anos.
A Postuladora da Causa, Ângela de Fátima Coelho, afirmou que “o processo de canonização dos pastorzinhos é o reconhecimento diante do Povo de Deus de que estas crianças, que encarnam o acontecimento de Fátima, chegaram, como diz a carta aos Efésios, «ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo».
Neste mesmo sentido, considera o Prof. Antonino Grasso, mariólogo, docente no Instituto Superior de Ciências Religiosas “São Lucas” de Catânia, Itália, e especialista em Fátima:
“Quando os videntes testemunham com a sua vida que seguem as indicações da mensagem da Virgem e alcançam os mais altos graus da santidade, é claro que são um testemunho concreto da veracidade das aparições que afirmaram. Portanto, é importante sob este aspecto a canonização dos dois pastorzinhos porque eles, tendo recebido a mensagem da Virgem, a colocaram em prática em suas brevíssimas vidas, seguindo as indicações sobretudo da Virgem que pedia a eles para rezar pela paz, mas sobretudo de sacrificar-se pelos pecadores”.
Por Rádio Vaticano