Papa: vida humana possui uma dignidade intangível
26/01/2018III Semana do Tempo Comum
27/01/2018A transmissão da fé foi o fulcro da homilia proferida pelo Papa na manhã desta sexta-feira (26/01), na Casa Santa Marta. Francisco comentou a segunda carta de São Paulo Apóstolo a Timóteo, proposta pela liturgia do dia, quando Paulo se dirige a seu discípulo, ressaltando a sua ‘fé sincera’.
Com efeito, foi próprio o Apóstolo a falar a Timóteo de Cristo e da Carta, o Papa destacou três palavras que indicam como a fé deve ser transmitida: ‘filho’ – como Paulo chama Timóteo – ‘maternidade’ e enfim, ‘testemunho’.
Paulo – disse o Papa – gera Timóteo com a loucura da pregação e esta é a sua paternidade. E na leitura, fala-se também de lágrimas, porque Paulo não adoça o seu anúncio com meias-verdades, mas o faz com coragem: “A coragem que faz com que Paulo se torna pai de Timóteo”. É a pregação que não pode ser ‘morna’.
“A pregação – sempre – permitam-me a palavra – ‘estapeia’, é um ‘tapa’ que te comove e te sustenta. E o próprio Paulo diz: “A loucura da pregação”. É uma loucura, porque dizer que Deus se fez homem e foi crucificado e depois ressuscitou… O que disseram a Paulo os habitantes de Atenas? “Depois de amanhã te ouviremos”. Sempre, na pregação da fé, existe uma loucura. E a tentação é o falso bom senso, a mediocridade. “Não, não brinquemos… a fé morna”…
Hoje, em alguma paróquia (a de vocês, não, a de vocês é uma paróquia santa! – mas pensemos em outra. Em alguma paróquia), alguém vai, ouve o que diz esta pessoa da outra, daquela outra, daquela, daquela… Ao invés de dizer como se amam, dá vontade de dizer: “Como ferem! Como se machucam … a língua é uma faca para ferir o outro! E como você pode transmitir a fé com um ar tão viciado de fofocas, de calúnias? Não. Testemunho. “Olha, esta pessoa jamais fala mal do outro; este faz obra de caridade; já este quando tem alguém doente vai visitá-lo, porque faz assim?”. A curiosidade: por que esta pessoa vive assim? E com o testemunho nasce a pergunta do porquê ali se transmite a fé, porque tem fé, porque segue os passos de Jesus.
E o Papa destaca o mal que faz o contratestemunho ou o mau testemunho: tira a fé, enfraquece as pessoas.
Mãe, avó: a maternidade é a terceira palavra. “A fé se transmite num ventre materno, o ventre da Igreja. Porque a Igreja é mãe, a Igreja é feminina. A maternidade da Igreja se prolonga na maternidade da mãe, da mulher.
E Francisco lembra ter conhecido na Albânia uma freira que durante a ditadura estava na prisão, mas de vez em quando os guardas a deixavam sair um pouco e ela ia em direção ao rio – tanto, eles pensavam – o que esta pobre senhora pode fazer. E ao invés, continua o Papa, ela era esperta e as mulheres sabiam quando ela saia e levavam seus filhos para que as batizasse escondido com a água do rio. Um belo exemplo, conclui.
Mas eu me pergunto: as mães, as avós, são como essas duas de que fala Paulo: “Também sua avó Lóide e sua mãe Eunice” que transmitiram a fé, a fé sincera? Um pouco…. diz: “Mas sim, aprenderá quando fará o catecismo. Mas eu lhes digo, fico triste quando vejo crianças que não sabem fazer o sinal da Cruz e fazem um desenho assim…. porque falta a mãe e a avó que ensine isso a elas. Quantas vezes penso nas coisas que se ensinam para a preparação do matrimônio, na noiva, que será mãe: é ensinado que ela deve transmitir a fé?
“Peçamos ao Senhor que nos ensine como testemunhas, como pregadores e também às mulheres, como mães, a transmitir a fé”, conclui o Papa.
Por Vatican News