Pe. Reginaldo Manzotti: pedir perdão em pensamento não basta
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Nesta chuvosa quarta-feira de primavera, cerca de 15 mil pessoas participaram da audiência geral com o Papa Francisco na Praça São Pedro. Em sua catequese, o Pontífice prosseguiu o ciclo de aprofundamento sobre a oração do Pai nosso.
Depois de pedir ‘o pão nosso de cada dia’, a oração entra no campo das nossas relações com os outros: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido».
Assim como temos necessidade do pão, precisamos do perdão. Todos os dias
Em seguida, o Papa ressaltou que a posição mais perigosa da vida é a do orgulho: a atitude de quem se coloca diante de Deus pensando que as suas contas com Ele estão em ordem”.
O Papa citou o fariseu narrado na parábola de Lucas que, no templo, pensava que estava rezando, quando na verdade estava apenas louvando-se a si mesmo diante de Deus. Por sua vez, o publicano – um pecador desprezado por todos – não se sente digno sequer de entrar no templo, fica ao fundo e confia-se à misericórdia de Deus. Então Jesus comenta: “Este, o publicano, voltou para casa justificado (isto é, perdoado, salvo); e o outro, não”.
“Há pecados que se veem e outros que passam despercebidos aos olhos dos demais e, por vezes, nem nós próprios nos damos conta. O pior destes é a soberba, o orgulho: o pecado que rompe a fraternidade, levando-nos a presumir que somos melhores do que os outros, que nos faz crer que somos iguais a Deus.”
Diante de Deus, frisou o Papa, somos todos pecadores; e não faltam motivos para batermos no peito, como aquele publicano no templo.
“Somos devedores porque recebemos tanto nesta vida: a existência, um pai e uma mãe, a amizade, as maravilhas da Criação… Embora aconteça com todos de ter dias difíceis, temos sempre que lembrar que a vida é uma graça, é o milagre que Deus tirou do nada”.
Amamos porque fomos amados
E ainda: somos devedores também porque nenhum de nós brilha de luz própria, ninguém é capaz de amar com suas próprias forças. Se amamos, é porque alguém nos sorriu quando éramos pequenos e nos ensinou a responder com o sorriso. Alguém perto de nós nos despertou ao amor. É o mysterium lunae: amamos, antes de tudo, porque fomos amados; perdoamos porque fomos perdoados. E se uma pessoa não foi iluminada pela luz do sol, fica gélida como o terreno no inverno.
“A verdade – concluiu o Papa – é que ninguém ama tanto a Deus como Ele nos amou a nós. Basta fixar Jesus crucificado para vermos a desproporção: amou-nos primeiro e não deixará jamais de nos amar”.
Via Vatican News