Confinamento: acima de tudo, pare de reclamar!
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23/04/2020
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira (23/04) da II Semana do Tempo Pascal. Na introdução, dirigiu seu pensamento às famílias em dificuldade neste tempo de pandemia:
Em muitos lugares se sente um dos efeitos desta pandemia: muitas famílias em situação de necessidade, passam fome, e, infelizmente, são ajudadas pelos agiotas. Esta é outra pandemia. A pandemia social: famílias de diaristas ou, infelizmente, de pessoas que têm um trabalho irregular que não podem trabalhar e não têm o que comer… com filhos. E depois os agiotas tomam deles o pouco que têm. Rezemos. Rezemos por estas famílias, pelas muitas crianças destas famílias, pela dignidade destas famílias e rezemos também pelos agiotas: que o Senhor toque o coração deles e se convertam.
Na homilia, o Papa comentou a passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 5,27-33) em que Pedro, diante das repreensões e das ameaças do sumo sacerdote que quer proibi-los de ensinar ao povo, responde que é preciso obedecer a Deus, antes que aos homens e anuncia abertamente diante de todos a ressurreição de Jesus, o Salvador, que os chefes religiosos mataram. A coragem de Pedro, que era um fraco – afirmou Francisco –, vem da oração de Jesus por ele, para que sua fé não vacilasse. Jesus ora por Pedro. E Jesus ora também por nós diante do Pai mostrando suas chagas, preço da nossa salvação. Jesus é o intercessor: devemos ter mais confiança na oração de Jesus – concluiu o Papa – do que em nossas orações. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A primeira leitura continua a história que tinha se iniciado com a cura do coxo diante da Porta Bela do Templo. Os apóstolos foram levados ao Sinédrio, depois foram encarcerados, depois um anjo os libertou. E esta manhã, propriamente naquela manhã, deviam sair do cárcere para ser julgados, mas tinham sido libertados pelo anjo e pregavam no Templo. “Naqueles dias, eles levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo: ‘Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis neste nome – isto é, no nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!’”, porque os apóstolos, Pedro sobretudo, repreendia; Pedro e João repreendiam os dirigentes, os sacerdotes, por terem matado Jesus.
E então Pedro respondeu junto com os apóstolos com esta história: “É preciso obedecer a Deus, nós somos obedientes a Deus e vós sois os culpados disto”. E acusa, mas com uma coragem, com uma franqueza, que a pessoa se pergunta: “Mas este é o Pedro que renegou Jesus? Aquele Pedro que tinha tanto medo, aquele Pedro que era até mesmo um covarde? Como é possível que tenha chegado a este ponto?” E acaba inclusive dizendo: “E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. Qual foi o caminho deste Pedro para chegar a este ponto, a esta coragem, a esta franqueza, a expor-se? Porque ele podia chegar a um acordo e dizer aos sacerdotes: “Estejais tranquilos, nós iremos, falaremos um pouco a baixa voz, não mais vos acusaremos em público, mas deveis deixar-nos em paz…, e chegar a um acordo.
Na história, a Igreja teve que fazer isso muitas vezes para salvar o povo de Deus. E muitas vezes, também o fez para salvar a si mesma – mas não a Santa Igreja! – até os dirigentes. Os acordos podem ser bons e podem ser ruins. Mas eles poderiam abandonar o acordo? Não. Pedro disse: “Nada de acordo. Vós sois os culpados”, e com esta coragem.
E como Pedro chegou a este ponto? Porque era um homem entusiasta, um homem que amava com intensidade, também um homem temeroso, um homem que era aberto a Deus a ponto que Deus lhe revela que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, mas pouco depois – logo depois – se deixa cair na tentação de dizer a Jesus: “Não, Senhor, por este caminho não: vamos por outro”. A redenção sem a Cruz. E Jesus lhe diz: “Satanás”. Um Pedro que passava da tentação à graça, um Pedro que é capaz de ajoelhar-se diante de Jesus (e dizer): “Afasta-te de mim que sou pecador”, e depois um Pedro que busca safar-se sem mostrar-se e, para não acabar preso, renega Jesus. É um Pedro instável, mas porque era muito generoso e também muito fraco. Qual é o segredo, qual foi a força que Pedro teve para chegar aqui? Há um versículo que nos ajudará a entender isso. Antes da Paixão, Jesus disse aos apóstolos: “Satanás vos procurou para ceifar-vos como o trigo”. É o momento da tentação: “Sereis assim, como o trigo”. E diz a Pedro: “E eu orarei por ti, para que a tua fé não vacile”. Este é o segredo de Pedro: a oração de Jesus. Jesus ora por Pedro, para que a sua fé não vacile e possa – diz Jesus – confirmar os irmãos na fé. Jesus ora por Pedro.
E isso que Jesus fez com Pedro, faz com todos nós. Jesus ora por nós; ora diante do Pai. Nós somos habituados a pedir a Jesus que nos dê essa graça, aquela graça, nos ajude, mas não somos habituados a contemplar Jesus que mostra as chagas ao Pai, a Jesus, o intercessor, a Jesus que ora por nós. E Pedro foi capaz de fazer todo esse caminho de covarde a corajoso com o dom do Espírito Santo graças à oração de Jesus.
Pensemos um pouco nisso.
Dirijamo-nos a Jesus, agradecendo por Ele orar por nós. Jesus ora por cada um de nós. Jesus é o intercessor. Jesus quis levar consigo as chagas para mostrá-las ao Pai. É o preço da nossa salvação. Devemos ter mais confiança; mais do que em nossas orações, na oração de Jesus. “Senhor, orai por mim” – “Mas eu sou Deus, eu posso conceder-vos…” – “Sim, mas orai por mim, porque Vós sois o intercessor”. E este é o segredo de Pedro: “Pedro, eu orarei por ti para que tua fé não vacile”.
Que o Senhor nos ensine a pedir-Lhe a graça de orar por cada um de nós.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor (a Eucaristia). Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Via Vatican News