Papa vai lavar pés de refugiados na Quinta-feira Santa
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22/03/2016Dias únicos pela densidade de compromissos e intensidade espiritual. É o que vivem os cristãos à véspera da Páscoa no momento em que o ano litúrgico convida a mergulhar na Semana Santa e especialmente no Tríduo Pascal. Um período, este, marcado pela reflexão do Papa sobre o Jubileu da Misericórdia, que Francisco abrirá com a Missa da Ceia do Senhor na tarde da Quinta-feira Santa em São Pedro.
Os eventos dos próximos dias no Vaticano
Misericórdia. A alma e a carne do próximo Tríduo pascal serão rigorosamente guiadas por este valor sobre o qual o Papa Francisco quis incardinar a Igreja presente em todo o mundo durante um ano inteiro. Já o Domingo de Ramos mostrou a marca jubilar impressa pelo Papa também para a Semana Santa – a sua síntese sobre os suplícios individuais da Paixão sublimados pelo amor sem medida de Cristo, que tudo perdoa e cobre de misericórdia, também no momento em que a dor é abissal.
“Eu preciso ser lavado pelo Senhor”
Francisco disse também que a Semana Santa é a História de um Deus que por amor do homem escolhe aniquilar-se. E o clímax, onde a espoliação de Jesus parece sobrepor-se e misturar-se quase com a de seu Vigário na terra é quando, na Quinta-feira Santa, Francisco – como faz desde o início do Pontificado – inclina-se para lavar e beijar os pés dos socialmente descartados. Neste ano o Papa lavará e beijará os pés de migrantes. Francisco celebrará a Santa Missa da Ceia do Senhor no dia 24 de março, mas pensando ao Jubileu retorna à mente a humildade de suas palavras do ano passado aos detentos do Cárcere de Rebibbia, pouco antes de ajoelhar-se diante deles:
“Mas também eu preciso ser lavado pelo Senhor e por isso rezem durante esta Missa para que o Senhor lave também as minhas sujeiras, para que eu me torne mais escravo de vocês, mais escravo no serviço das pessoas, como foi Jesus.”
Contemplar as últimas horas
Uma escravidão que pela “indiferença” das autoridades – como afirmou Francisco no Domingo de Ramos – torna-se cruel espetáculo no Gólgota. É o que a Igreja irá meditar durante a Sexta-feira Santa com o Papa na Basílica vaticana às 17 horas locais, 13 horas de Brasília, durante a celebração da Paixão do Senhor, revivida algumas horas depois, no Coliseu de Roma durante a Via-Sacra. E outra noite, a do Sábado Santo, “Mãe de todas as Vigílias”, antecipará com os ritos da bênção da água e do fogo, a vida nova da Ressurreição, com Francisco que preside a celebração em São Pedro a partir das 20h30 hora local, 16h30m hora de Brasília.
Enfim, domingo, 27 de março, Páscoa da Ressurreição, a Missa do dia na Praça São Pedro, às 10h, será encerrada como sempre, ao meio-dia com a Bênção Urbi et Orbi do Papa Francisco, do balcão central da Basílica Vaticana.
A resposta não banal
O início da Semana Santa é, portanto, a porta de entrada de um mistério que, entre o Cenáculo e Sepulcro, pede à fé para ser fogo e não água parada. “Levemos a sério o nosso ser cristãos, e nos esforcemos para viver como fiéis”, escreve Francisco no seu tweet desta terça-feira. O motivo ele explicou no ano passado durante a Vigília:
“Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa fé, a nossa lealdade e nossa razão”.
Por Rádio Vaticano