Missa na casa do Sr. Fausto e D. Leda: Milagre da vida
24/10/2019Papa: na luta interior entre o bem e o mal, escolhamos a salvação
25/10/2019
Mons. Robert Vitillo, Secretário Geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações, fala aos microfones de VaticanNews sobre o horror desta nova forma de escravidão e pede aos governos para que aumentem os controles e novos meios de apoio aos migrantes.
R. – A minha reação e a da nossa organização, a Comissão Católica Internacional para as Migrações, é de horror. Estamos chocados como tanta gente no mundo, em todo lugar, por esta situação, por esta tragédia no Reino Unido. Mas esta não é a única experiência: há milhares dessas experiências todos os dias e ao longo do ano. Não é só através dos caminhões que estas coisas acontecem, mas também no mar, nas ferrovias… Há muitas possibilidades para esta nova forma de escravidão humana. Penso que os governos devem controlar melhor esses bandos que fazem este tipo de tráfico de seres humanos, mas também é necessário desenvolver alternativas para as pessoas que têm de migrar, quer como refugiados, quer como migrantes à procura de outra vida, de uma vida decente. É necessário desenvolver outros meios para alcançar este objetivo. Podemos pensar no pacto para a migração que muitos Estados aprovaram no ano passado e implementar esses procedimentos propostos pelo pacto ou pensar em outros meios em nível nacional e local, como a possibilidade de patrocínio como organizações privadas, como Igrejas, como municípios locais, como responsáveis pelo comércio, para que as pessoas possam migrar de forma regular e segura.
Corredores humanitários podem conter o tráfico de seres humanos
Segundo Sant’Egidio, os corredores humanitários organizados pela sua comunidade e outras associações humanitárias podem conter as mortes causadas pelo tráfico de seres humanos, como a de 39 migrantes encontrados num contêiner no Reino Unido. A Comunidade lançou um apelo às instituições e aos países europeus para que tomem medidas destinadas para deter o número cada vez maior de vítimas das viagens da esperança, seja na frente mediterrânea, seja na rota terrestre dos Balcãs.
A prioridade mais urgente para Sant’Egídio é a reabertura da possibilidade de entradas regulares na Europa por razões de trabalho, tendo também em conta a vantagem proposta pela forte procura de mão-de-obra na Europa em todos os setores, especialmente na assistência às pessoas, em países afetados pelo declínio demográfico. Seria então necessário incentivar os corredores humanitários e abrir novas vias de migração regular, procurando sobretudo a cooperação com os numerosos países de origem da imigração.
A descoberta dos corpos de 39 migrantes em um caminhão
Ontem, na zona industrial de Grays, a cerca de 35 quilômetros a leste de Londres, a polícia britânica encontrou 39 migrantes chineses mortos dentro de um contêiner rebocado por um camião. O motorista do caminhão, um homem de 25 anos da Irlanda do Norte, foi interrogado e encontra-se agora detido sob acusação de homicídio involuntário e cumplicidade em homicídio de massa: na Irlanda do Norte, as autoridades policiais revistaram duas casas ligadas a esse homem. A sensação é que as pessoas encontradas mortas estavam tentando entrar ilegalmente na Inglaterra e que a sua chegada foi organizada pelo crime organizado, recentemente muito envolvido no tráfico de seres humanos.
A hipótese sobre a viagem dos 39 migrantes mortos
Foi igualmente aberta uma investigação na Bélgica, o país de onde veio o caminhão, através do porto de Zeebrugge, mas ainda não é claro quanto tempo o contêiner tenha ficado sob a jurisdição de Bruxelas. A Bulgária – onde a carga se encontrava antes de chegar à Bélgica – também ofereceu plena cooperação. A primeira hipótese era que o caminhão seguia a chamada rota dos Balcãs, transportando migrantes que fugiam das guerras no Médio Oriente e depois desviando-se para a Bélgica, em vez de ir diretamente para a Inglaterra via Dover e Calais. No entanto, o reconhecimento dos migrantes falecidos exclui pelo menos em parte esta teoria.
O modelo de corredores humanitários experimentado por Sant’Egídio
“Pedimos ao governo italiano – explica Daniela Pompei, responsável pela migração e integração da comunidade de Sant’Egídio, aos microfones da Rádio Vaticano – a possibilidade de ter alguns migrantes acolhidos pelas nossas associações. Todos os custos de acolhimento e integração são suportados pelos organismos promotores; além disso, os migrantes são controlados pelas nossas embaixadas e pela polícia, de modo que, quando chegam a solo italiano, já sabem para onde ir. Trata-se de um modelo agora estruturado que garante a segurança dos refugiados e a segurança dos cidadãos europeus. Sant’Egídio, junto com Cesi e as Igrejas Protestantes, mostrou que os corredores humanitários funcionam, mas para gerir a situação é necessário abrir outros caminhos”.
Via Vatican News