Cardeal Tagle: mudar de mentalidade para humanizar fenômeno das migrações
25/09/20173ª-feira da 25ª Semana do Tempo Comum
26/09/2017“O Vaticano na família das nações”: esse é o título da obra apresentada na sexta-feira (22/09), em Roma, de autoria do Arcebispo Silvano Maria Tomasi, que durante 13 anos foi observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça. Publicado pela Cambridge University Press, o livro analisa o papel diplomático da Santa Sé nas Nações Unidas.
Na apresentação da obra, o secretário de Estado vaticano, Cardeal Pietro Parolin, proferiu um discurso centralizado nas peculiaridades da diplomacia vaticana a serviço da paz, do respeito pelos direitos humanos e do desenvolvimento dos povos. À margem do encontro, o purpurado concedeu uma entrevista à Rádio Vaticano:
Cardeal Parolin:- “Estou contente por esta ocasião que nos foi oferecida, da apresentação do livro que de certo modo reúne a atividade e os pronunciamentos de Dom Tomasi na Onu após longos anos de atividade, exatamente porque nos permite reiterar a importância do multilateralismo num período em que este por muitos aspectos se encontra em crise: a tentação é de fazer por conta própria e de tomar decisões unilaterais que saem deste quadro. Portanto, para reiterar a importância do multilateralismo, para reiterar o fato de a Santa Sé considerá-lo o instrumento para afrontar e para resolver os problemas complexos do mundo de hoje, para reiterar o nosso empenho – que, ademais, é o empenho de todos –, o desejo de servir à pessoa, de servir à sua dignidade, de servir a seus direitos, de servir à paz, de servir uma convivência ordenada e pacífica no mundo. Daí, a possibilidade de evocar esses grandes princípios que são os princípios da Doutrina social da Igreja. E, uma última coisa, também dar indicações concretas: não basta afirmar somente com a vontade, não basta recordar os princípios; o importante é justamente este dar indicações de caminhos que podem ser seguidos. Desse ponto de vista, o livro é verdadeiramente significativo.”
RV: O multilateralismo sobretudo nos momentos de crise: recordamos a crise norte-coreana, como possibilidade justamente para encontrar caminhos de diálogo e de reconciliação…
Cardeal Parolin:- “Sim: creio que seja propriamente isso. Quando dizia ‘a crise do multilateralismo’, hoje evidentemente devido também ao diferente contexto em que nos encontramos, num contexto pluripolar em que existem múltiplas instâncias… Mas exatamente por isso, diria, propriamente porque o mundo se diversificou enormemente, há tanta necessidade de recorrer a esse instrumento para tentar resolver de modo pacífico as diferenças existentes. Talvez se possa inclusive pensar nas instituições que depois traduzem esse princípio: imagino que também elas precisem de uma atualização… Há muito tempo se fala de uma reforma da Onu! Mas o princípio permanece, e foi isso que quisemos ressaltar.”
RV: O Papa Francisco se fez presente nesta 72º Assembleia Geral da Onu mediante mensagem no tuíter pedindo aos líderes que se comprometam em favor da paz e do desarmamento. Qual é, no fundo, o pedido que a Santa Sé, o Papa em primeira pessoa, dirige aos líderes do mundo reunidos na Onu?
Cardeal Parolin:- “Creio que, no fundo, há um apelo à responsabilidade deles: um apelo, porque evidentemente nas mãos deles estão os destinos da humanidade, o destino da paz, o destino da convivência harmoniosa entre os povos. Portanto, ser conscientes dessa responsabilidade que têm – e saber traduzi-la depois também na prática, mediante um caminho percorrido juntos – em busca da paz e do desenvolvimento do mundo.”
Por Rádio Vaticano