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10/12/2015“Todos os Jubileus deveriam ser ocasiões de misericórdia e de solidariedade”: é o que afirma o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, que – como biblista e estudioso do judaísmo – fala para a Rádio Vaticano sobre o significado bíblico do Ano Santo e do conceito de misericórdia. O Ano Santo iniciado este 8 de dezembro é o primeiro “temático” da história da Igreja, mas a dimensão do “perdão”, ou melhor, da “perdoança”, e da compaixão, sempre estiveram subjacentes ao conceito de Jubileu, como nos explica o purpurado:
Card. Ravasi:- “Trata-se de um evento particular, que envolve o mundo católico e que vai ao coração profundo do Jubileu, a seu verdadeiro espírito, que é um espírito de amor, de libertação, de justiça, de retorno a uma fraternidade entre os povos, entre as pessoas, e a uma fraternidade também com a terra. Não nos esqueçamos que também o famoso Jubileu do 2000, que todos recordam com aquela figura central ajoelhada – acometida pela doença – de São João Paulo II no limiar da Porta Santa, era centralizado no tema do perdão, aliás, no pedido de perdão que a Igreja fazia pelas culpas cometidas por seus filhos ao longo de sua história.”
RV: Também as raízes bíblicas do conceito de Jubileu, que podem ser encontradas no Antigo Testamento, no Cap. 25 do Livro do Levítico, confirmam a sua alma “misericordiosa”, como nos explica o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura:
Card. Ravasi:- “Este Jubileu era caracterizado por alguns componentes que ainda são – diria – típicos desse Jubileu extraordinário da Misericórdia. Havia a remissão das dívidas de cada família, a reintegração e a posse das terras que haviam sido confiscadas dessas famílias; havia a libertação dos escravos e, por conseguinte, um retorno, uma celebração da liberdade; havia um aspecto ecológico, porque por um ano se deixava a terra repousar, considerando-a quase como uma criatura – também ela – que participava do Jubileu, desse momento que era de justiça, de caridade e de solidariedade.”
RV: O estudo sobre as Sagradas Escrituras revela outra surpresa, que diz respeito à palavra misericórdia, etimologicamente relacionada ao coração, e evidencia seu caráter instintivo, como nos explica o purpurado:
Card. Ravasi:- “Na realidade é significativo que na língua do Antigo Testamento, num estranho paralelo, o órgão simbólico do qual a misericórdia da pessoa se manifesta é outro: efetivamente, temos no Antigo Testamento o vocábulo “rahamim”, no plural, repetidamente reiterado e atribuído a Deus, que literalmente indica o “ventre materno”, portanto, há na concepção desta misericórdia uma espécie de componente instintivo, tenro, apaixonado, imediato. No Novo Testamento temos um verbo que encontramos 12 vezes no Evangelho e é o verbo “splagchnizomai”, que tem subjacente propriamente as “splagchna”, que são não somente as vísceras maternas, mas também a capacidade geradora do pai. Portanto, Deus, e nesse caso Cristo, apresentam-se com um rosto quer masculino, quer feminino, com uma ternura que é também quase exclusiva da mulher, uma fineza do sentimento e da doação. Por exemplo, quando se encontra diante daquela pobre viúva de Naim que perdeu o único filho e do qual está celebrando o funeral, Jesus – eis o verbo usado pelos evangelistas, por Lucas – sente “Splagchnizomai”, tem esse sentimento instintivo.”
Por Rádio Vaticano