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29/07/2016Após o bárbaro assassinato do Padre Jacques Hamel [foto] na França, o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran indica o caminho para superar loucos e extremistas que estão disseminando a violência, o ódio e as divisões no mundo. Eis o que disse à Rádio Vaticano:
“Os meus sentimentos, certamente são sentimentos de revolta. Que razão pode justificar um crime do gênero? Nenhum! E não pode nem mesmo ser a religião a razão. Invocar o nome de Deus e assassinar um Padre no altar representa uma escalada do terror. Estamos caminhando direto para o abismo”.
RV: Na sua opinião, este ato era previsível?
“Previsível? Eu diria que não. Ao menos até agora eram respeitados os locais de culto! Na história existem casos parecidos, mas não no mundo de hoje. É realmente algo insuportável, estamos diante de uma nova situação e a Igreja católica foi atacada: um Padre assassinado sobre o altar, enquanto celebra a Eucaristia… Estas coisas não são improvisadas: foi organizado!”.
RV: Certamente, estamos ainda na onda da emoção, da dor. Para alguns, as palavras de conforto não são suficientes: se pede para passar das palavras a atos concretos. É um sentimento que o senhor partilha, e se sim, o que fazer diante deste multiplicar-se da violência?
“Penso que seja uma coisa que ainda durará. Mas é também necessário pedir às autoridades civis para utilizar todos os meios legítimos para assegurar a segurança dos cidadãos”.
RV: Estamos em um contexto preocupante em que os atentados se sucedem. Pensamos, obviamente, em Nice, mas também na Síria e no Iraque, na Alemanha, na própria França. Pensa que estamos vivendo um momento de “reviravolta”? Que olhar o senhor tem sobre este mundo que parece marcado pela violência e pelo terrorismo?
“Estamos vivendo uma nova época. É necessário reencontrar a humanidade, o caminho interior; refletir e dizer a nós mesmos que quem é diferente de nós não é necessariamente inimigo. E este é o princípio do diálogo inter-religioso: que é aquele de que me ocupo principalmente. Devemos voltar a nos confrontar, a ouvir-nos, a compreender-nos para realizar este caminho juntos. Acredito que durará bastante. É necessário recordar a frase de São Paulo: “Vencer o mal com o bem”. O verdadeiro grande perigo é o da radicalização, da vingança. Todos estes atos semeiam ódio! Não podemos ser felizes sem os outros, mas não podemos nem mesmo estar uns contra os outros. Existe a frase de Einsten que diz: “O mundo nunca morrerá por causa do maus, mas por aqueles que o olham fazer, sem porém fazer nada”. É uma coisa que é muito, muito importante hoje: não olhar somente, mas agir! Eu gostaria também de dizer que nesta situação somos chamados – nós cristãos – a estarmos prontos para sofrer, também para morrer, para que o nome de Deus seja respeitado. Eu acredito que se deva ter a coragem da diferença! Não existe cristianismo sem a Cruz e eu acredito que o Padre e todas as vítimas do terrorismo façam parte da longa lista de mártires da Igreja de ontem e de hoje”.
Por Rádio Vaticano