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13/03/2020
A pandemia Covid-19 tem apresentado uma proporção relativamente baixa de mortos: alguma coisa entre 0,5% e 3,5% do total de infectados. Esta é uma boa notícia. E há outras boas notícias: a grande maioria dos casos (mais de 80%) tem gravidade reduzida. Mais boas notícias ainda: o risco para crianças é mínimo. E ainda mais boas notícias: o pico do surto já passou na China e, por lá, os novos casos estão em declínio.
Porém, há motivos suficientemente comprovados e sérios para mantermos grande atenção e firmes cuidados numa tarefa crucial: a de conter a expansão do vírus.
Apesar do relativo “baixo risco”, atenção total: por quê?
Porque, apesar da pouca gravidade da Covid-19 para a maioria das pessoas, ela acarreta riscos muito relevantes para grupos específicos, como idosos, diabéticos e doentes do coração; porque, fora da China, os casos continuam na fase de aumento; e porque quando juntamos um brusco aumento de casos com a gravidade da doença para essas pessoas em particular e para quem já precisa de atendimento médico por conta de outras doenças, acontece o que podemos ver representado no seguinte gráfico de modo claro e fácil de entender:
A “curva de contágio” e suas consequências no sistema de saúde
Trata-se de um gráfico publicado pela jornalista Rosamund Pearce na revista The Economist, ajustado posteriormente por Drew Harris, especialista em saúde pública, a partir de recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) para a epidemia de gripe de 2017. A versão traduzida ao português foi publicada pelo G1.
O que este gráfico está mostrando é a diferença na curva de expansão da doença quando não se tomam medidas preventivas e quando elas são tomadas adequadamente. A imagem enfatiza que o grande problema da pandemia de Covid-19 realmente não é a gravidade da doença em si, mas sim a incapacidade dos sistemas de saúde de atenderem os infectados com risco alto na hora em que eles mais precisam.
Este é o problema principal que está ocorrendo na Itália: os hospitais estão lotados não só pacientes da Covid-19, mas também dos pacientes de qualquer outra doença, inclusive câncer, infarto, AVC e ferimentos graves, além de quadros prosaicos como a gripe comum. Neste momento, há italianos morrendo em decorrência de quadros pelos quais não morreriam numa situação normal. A causa deste cenário é a sobrecarga do sistema de saúde – e olhe que o sistema público de saúde na Itália é considerado muito bom, inclusive acima da média do continente europeu. Mas ele foi construído para atender bem a população no dia-a-dia, e não num cenário de pandemia.
O fato, como bem resumiu o colunista David von Drehle, do Washington Post, é simples:
“Uma doença não precisa ser a pior de todos os tempos para produzir o pior cenário de todos os tempos. Basta impor uma carga aos recursos de saúde que seja maior do que a capacidade dos recursos de saúde”.
Como ajudar quem corre mais risco do que você
Faça o simples e básico:
* Lave bem as mãos, com alta frequência, sobretudo após tocar em superfícies nas quais muita gente também tocou, como balcões de atendimento, caixas eletrônicos, assentos e apoios do transporte público, etc.
* Evite levar as mãos à boca, nariz e olhos;
* Evite aglomerações, reduzindo as saídas de casa ao mínimo indispensável;
* Se precisar estar em meio a grupos grandes de pessoas, procure manter uma distância de ao menos 1 metro;
* Evite cumprimentos como apertos de mão, abraços e beijos.
* Em resumo, a diretriz é: evite tudo aquilo que facilite a proliferação do vírus.
Achatando a curva do contágio
Essas medidas simples ajudam a “achatar a curva do contágio”, como se vê no gráfico acima, reduzindo desta forma a sobrecarga dos sistemas de saúde.
Se houver um pico de acessos aos postos de saúde e hospitais, com milhares de pessoas precisando ser atendidas ao mesmo tempo, aqueles que tiverem mais necessidade não conseguirão ser atendidos com a devida rapidez e morrerão em maior número.
Quanto mais se evitar o contágio, ou seja, quanto mais se “achatar” a curva de contágio ao longo do tempo, evitando picos, menor será a sobrecarga do sistema de saúde e, portanto, menor o risco de faltarem leitos, respiradores e outros equipamentos cruciais para quem realmente precisa deles para sobreviver.
Não pense só em você. Dê graças a Deus pela sua boa saúde, pela sua juventude e pelo pouco risco que você corre. Mas pense nos idosos de mais de 80 anos, especialmente se eles já tiverem outras doenças; pense nos diabéticos; pense nos doentes do coração. Em suma: pense nos outros. E faça a sua parte, que é simples e barata. Seus irmãos agradecem.
Via Aleteia