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22/07/2016Em um clima familiar, realizou-se na manhã desta quinta-feira, na sede da Secretaria para a Comunicação, a cerimônia de despedida do Arcebispo Claudio Maria Celli, ao final de seu serviço no Vaticano após 10 anos à frente do Pontifício Conselho das Comunicações.
Tomaram parte no evento o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin e o Prefeito da Secretaria da Comunicação, Mons. Dario Edoardo Viganò, além de expoentes das mídias vaticanas, da Sala de Imprensa e numerosos jornalistas.
O Cardeal Parolin sublinhou na ocasião as qualidades humanas e espirituais de Dom Celli e o seu importante serviço na diplomacia vaticana, antes de ser chamado em 2007 para se ocupar de comunicação. Precisamente sobre este papel, particularmente significativo, ouçamos o que disse Mons. Viganò:
“Eu agradeço realmente de coração a Dom Claudio por ter acompanhado a partir de junho do ano passado, a constituição da Secretaria. A acompanhou, sobretudo, com o patrimônio de seu conhecimento da Cúria romana e depois com o rico percurso realizado pelo Pontifício Conselho das Comunicações Sociais que ele seguiu com muita dedicação. Devo também, honestamente dizer, sublinhar, que o empenho de Dom Celli foi também o de dispor, em um percurso preciso, a exigência da reforma das mídias vaticanas. Por que digo isto? Porque foi justamente ele – eram os primeiros meses em que eu estava no Centro Televisivo Vaticano – a convocar as mesas de encontro e de colaboração mais estratégica entre o Osservatore Romano, o Centro Televisivo Vaticano e a Rádio Vaticana. Assim, realmente, agradeço a ele porque colocou num caminho preciso o desejo do Papa de se repensar o sistema comunicativo da Santa Sé: o agradeço de coração porque a sua inteligência, a sua capacidade de dispor as coisas com paciência permitiram dar os primeiros passos da reforma”.
À margem da cerimônia, a Rádio Vaticano pediu a Dom Claudio Maria Celli, um balanço deste seu serviço prestado à Santa Sé no campo das comunicações sociais:
“Saio serenamente, e contente por ter podido servir a Igreja e ao Papa, assim como em 2007 me pediu para fazer o Papa Bento XVI. Um serviço no Pontifício Conselho das Comunicações que é o primeiro Conselho desejado pelo Concílio Vaticano II. Acredito que nestes anos – apesar dos limites e dificuldades – buscamos ajudar a Igreja nas suas diversas expressões, a ser não somente mais comunicativa: o problema da comunicação, hoje, é a intercomunicação, a interatividade… E depois existe toda esta diversidade de mídias, sem falar no desafio digital. E a pergunta era sempre esta, sobre o desafio que se apresentava à Igreja: como enfrentar este diálogo com o mundo de hoje, com o homem de hoje, que é habituado a uma dimensão comunicativa diversa. Existe uma cultura digital e neste aspecto acredito que a Santa Sé tenha realmente procurado estar a serviço das várias comunidades eclesiais locais, para enfrentar este desafio e dar respostas a este desafio”.
RV: Qual é, na sua opinião, o legado mais fecundo que o Pontifício Conselho das Comunicações Sociais deixa para a Secretaria da Comunicação – News.va, Pope App, @Pontifex… o Pontifício Conselho esteve muito presente na esfera do continente digital?
“Eu diria que isto tenha sido, do nosso ponto de vista, como Pontifício Conselho, uma das grandes contribuições, e diria que sobre isto tenhamos marcado momentos positivos. Pense você no Twitter, pense no que era o News.va, e assim também no pope up. Depois, é inegável que nós sentíssemos profundamente também a necessidade de uma maior sinergia, ou de uma maior unificação entre as várias possibilidades mediáticas da Santa Sé. Eu recordo certos colóquios tidos com os superiores da Santa Sé sobre esta temática. Hoje deixo, mas deixo num modo de dizer: acredito que o nosso serviço à Santa Sé e à Igreja não termina nunca. Como estou de acordo com o Padre Lombardi, que nunca nos aposentamos. Mesmo porque, se você está enamorado de uma pessoa, você não pode deixar de falar com ela. Eis porque não se aposenta, porque estamos envolvidos nisto. Eu, depois, tenho a grande sorte de poder permanecer em Roma e servir à Igreja entre os jovens universitários, e também entre aqueles que depois de terem feito um percurso universitário, não são mais assim tão jovens. Para mim, Villa Nazareth – é onde o Papa fez recentemente uma visita – é uma parte fundamental da minha vida”.
RV: O Papa Francisco colocou, desde o início de seu pontificado, o tema da “cultura do encontro”. Como a Igreja e os comunicadores recebem este desafio, por exemplo, na linguagem?
“Eu considero que a palavra “comunicar” não expressa tudo. O Papa fala de uma cultura do diálogo, de uma cultura do encontro. O Papa – você se recorda – na sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, citou a Parábola do Bom Samaritano, que significa “ir ao encontro de…”, mas não somente para comunicar, mas para assumir, responsavelmente, a realidade do outro. Muitas vezes, a palavra “comunicação” pode nos induzir ao erro. O problema não é somente “comunicar”, mas criar um diálogo com o outro, o que quer dizer que a palavra “comunicação” – e você deve recordar bem, aquela mensagem do Papa sobre o silêncio, do Papa Bento XVI – porque para escutar o outro, eu devo fazer silêncio no meu coração, porque devo colocar-me em sintonia com o outro, devo dar ao outro a possibilidade de expressar a si mesmo. E então, o meu problema não é somente “comunicar”, mas “dialogar” com o outro, deixar-me envolver com o outro. Existe um diálogo, mas depois existe um assumir, um responsabilizar-se pelo outro, e isto, para mim, é muito importante e é um contínuo desafio”.
Por Rádio Vaticano