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20/07/2016Um Instituto de diálogo inter-religioso no coração da Organização dos Estados Americanos (OEA), para lançar uma mensagem de paz e de convivência possível.
Esta é a iniciativa de Omar Abboud – líder islâmico argentino e amigo de longa data de Jorge Mario Bergoglio – surgida a partir de uma experiência similar nascida em Buenos Aires.
O lançamento está previsto para o início de setembro no Vaticano, em um Congresso que terá a duração de dois dias. Será divulgada uma declaração ao final dos trabalhos e é esperada a presença do Papa Francisco. O Secretário Geral da OEA, Luis Almadro, já deu total apoio à iniciativa.
“Entendemos há muito tempo que o diálogo inter-religioso é uma boa parte da solução para os conflitos do mundo”, explicou Abboud em entrevista ao Notimex.
A convite de Francisco, Abboud acompanhou-o juntamente com o Rabino Abraham Skorka na visita em maio de 2014 à Terra Santa, onde diante do Muro das Lamentações os três protagonizaram um gesto de paz e convivência entre as três religiões monoteístas que ficou imortalizado pelas câmaras de todo o mundo.
“Acreditamos que Francisco é a única autoridade espiritual do mundo moderno, é quem expressa a objeção de consciência ao poder temporal. O único que ocupa esse espaço hoje é Bergoglio e nenhum outro. Claro, que com a devida independência”, afirmou.
Precisamente desta consideração surgiu a ideia da criação do Instituto para o Diálogo Inter-religioso das Américas, inspirado em um organismo semelhante nascido em Buenos Aires, dirigido por Abboud, o Rabino Daniel Goldman e o sacerdote católico Guillermo Marcó. Na época o Arcebispo era Jorge Mario Bergoglio.
“Na Argentina a convivência superou a ideia de tolerância e gerou âmbitos particulares de colaboração”, destacou Abboud. Um verdadeiro “laboratório de convivência”, disse o Papa muitas vezes.
Partindo desta experiência, o Instituto quer motivar também a juventude do continente americano para lançar mensagens que sirvam como sinal de esperança.
Uma das atividades do Instituto será focada na educação. “Se pode educar para o diálogo – disse Abboud – assim como também se pode educar para o fundamentalismo. Devemos ver como podemos reverter a tendência, e a América é um grande lugar para se fazer isto, pois ali existe uma espiritualidade presente”.
“Falar de diálogo – precisou – é muito sensível e é uma proposta política interessantíssima, porém dialogar é outra coisa completamente diferente”.
A proposta do novo Instituto – explicou o líder muçulmano – é a de promover valores comuns na prática, sem entrar em debates teológicos.
“O mundo, neste século em particular, terá que definir de que lado está. A religião é um ato de libertação, porém em mãos erradas e com más interpretações é o pior dos venenenos. Quem ensina um homem a dialogar é como se tivesse dialogado com toda a humanidade”, assegurou.
“A questão é como construir a identidade do futuro. Ou nos recalcitramos nas identidades fundamentalistas no passado, que terminarão em confronto, ou tomamos a coragem de nos colocarmos no lugar do outro”, observou.
Abboud afirmou que o Papa não é ingênuo quando aposta no diálogo e na cultura do encontro, especialmente com os muçulmanos. Não obstante os ataques que semearam o terror em toda a Europa.
Como descendente de sírio e muçulmano, foi muito drástico ao ilustrar a sensação de sua comunidade ao saber das perseguições anticristãos no Oriente Médio.
“Na Síria existia o último lugar do mundo onde se falava o aramaico, em Malula. Toda a vida viveram ali e agora ter que ouvir que alguém, em nome do islã, os quer expulsar ou bombardear (…), dá vergonha”, deplorou.
Por Rádio Vaticano