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18/04/2016Papa Francisco: seguir Jesus e não cartomantes
18/04/2016Encerrou-se na última sexta-feira, 15, em Aparecida, SP, a 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB. No último dia, a Missa de encerramento na Basílica Nacional presidida por Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília e Presidente da CNBB e concelebrada pelo Vice-presidente, Dom Murilo Krieger e o Bispo auxiliar de Brasília e Secretário Geral, Dom Leonardo Steiner.
Depois, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, realizou-se a cerimônia de conclusão dos trabalhos. Pedimos ao Arcebispo de Diamantina, MG, Dom Darci José Nicioli, que até poucos dias era o bispo auxiliar de Aparecida, que nos fizesse um balanço dos trabalhos desta Assembleia. Ele fala sobre a retomada das indicações do Concílio Vaticano II apresentadas no documento final sobre os leigos e também sobre a crise brasileira.
Dom Darci: Há muito que nós abandonamos aquela mentalidade nós e eles, porque partia de uma eclesiologia piramidal. Estamos recuperando aquilo que foi orientação do Vaticano II e todo esse espírito do Vaticano II com o Papa Francisco está revivendo em toda a Igreja e também na Igreja do Brasil. A eclesiologia de comunhão: a partir do Batismo todos nós temos o nosso lugar e a nossa responsabilidade na Igreja. É sobre isso que fala este documento, Leigos e leigas na Igreja e na sociedade, para serem luz do mundo e sal da terra. Este é o foco que o documento nos traz que não é uma novidade, mas eu acredito que nós pontuamos tudo isso para que não esqueçamos as conquistas já havidas. E enfim, que elas continuem sendo colocadas em prática. O leigo e a leiga participantes da Igreja em igualdade de condições na responsabilidade de continuar a obra de Nosso Senhor Jesus Cristo não voltando-se somente para a sacristia, não ficando preso dentro das quatro paredes de uma igreja , mas uma Igreja que está nas ruas – como o Papa tem pedido: para que os leigos assumam suas funções na política, na sociedade, construindo a casa comum, fazendo com que nós mudemos, por exemplo, no Brasil, essa mentalidade terrível do levar vantagem em tudo, a fim de que nós de fato nos preocupemos com o bem comum. E cada um é responsável neste sentido. Olha o momento político que estamos vivendo. Então nós somos chamados a dar um testemunho cristão nesta situação toda.
RV: Que sentimento tem como brasileiro?
Dom Darci: É um momento crítico, nós falamos tanto de crises, e é verdade. Crise política, econômica, crise das instituições, mas na base de tudo isso esta de fato, que nos temos tanto insistido, uma crise moral, uma crise de valores. Há uma frustração geral, muitos acreditaram no “novo tempo”. Foi propagandeado que nós já éramos um país do primeiro mundo e, de repente, descobrimos que havia muita mentira nisto tudo. Então, isto está sendo cobrado, de quem mentiu. E quem mentiu tem responsabilidade. A maneira de cobrar essas responsabilidades? Nós também temos um ordenamento jurídico que reza como isso deve ser cobrado e de quem deve ser cobrado e com qual intensidade isso deve ser cobrado. Então, preservando as instituições, preservamos a democracia. Isso nos dá esperança. É um momento difícil? É um momento difícil! Mas não perdemos a esperança. Porque as instituições estão correspondendo e elas encontrarão, segundo ordenamento jurídico, a saída para este impasse em que nos encontramos. E, partir dai, nós sairemos desta crise muito mais maduros, muito mais adultos, como país. Já estamos deixando aquela história, ‘ah, não falo de política, é coisa suja’. O povo em geral aprendeu com todo esse processo o quão importante é ser político no bom sentido, participar da sociedade, fazendo com que o bem comum esteja em primeiro lugar e os privilégios sejam abolidos. Desta história que estamos vivendo, sairemos como um país mais maduro e haveremos de construir juntos, como brasileiros e brasileiras, com todas as forças vivas da sociedade atuando, inclusive a Igreja, na construção de um Brasil melhor.
Por Rádio Vaticano