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13/11/2015Dom Erwin Krautler, bispo da Prelazia do Xingu (PA) foi um dos hóspedes de uma coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira, na sede da Rádio Vaticano. O encontro serviu de apresentação de uma série de eventos que vão celebrar em Roma os 50 anos do Pacto das Catacumbas.
O que é o pacto?
Em 16 de novembro de 1965, poucos dias após o encerramento do Concílio Vaticano II, 42 bispos assinaram um documento, que sucessivamente foi assinado por mais 500, para ressaltar na Igreja que se estava renovando a opção pelos pobres e por um estilo de vida sóbrio. Quase cinquenta anos depois, o Papa Francisco assumiu como programa de seu Pontificado: “por uma Igreja pobre e para os pobres”.
Dom Erwin: Igreja advogada dos pobres
O Programa Brasileiro conversou com Dom Erwin. Nós lhe perguntamos em que contexto ele viveu o Concílio e a assinatura do Pacto das Catacumbas.
“Fui ordenado padre em 3 de julho de 1965 em Salzburg, na Áustria. No dia 2 de novembro, me despedi de minha família e segui para o Brasil. Pisei em terras brasileiras em 18 de novembro, na ‘décima hora’, como diz o Evangelho de São João. Nunca me esqueci… em São Luís do Maranhão”.
“O pacto havia sido assinado 2 dias antes. Eu não soube logo, eu era padre novo, mas um dia eu descobri, não me lembro quando, mas como padre, eu já achei que ‘era isso’. Depois virei bispo, sem culpa nem merecimento. Hoje, 12 de novembro, é o dia em que minha nomeação foi proclamada aqui no Vaticano, em 1965. Me lembro perfeitamente, é claro, foi um choque…”.
“Eu entendi que os bispos tinham muita coragem, porque naquele tempo havia uma ideia do bispo como um ‘príncipe’, muito medieval. Havia bispos brasileiros, 6 dos quais eu conheci pessoalmente, admirei e admiro até hoje. O único que sobrevive é Dom José Maria Pires. Então eu acho que este é o caminho. Eu nunca havia ouvido falar em nenhuma assembleia sobre o Pacto”.
Por que a Igreja sente a necessidade de recordar os 50 anos do pacto hoje? Não se pensava na Igreja ‘pobre para os pobres’ antes?
“A Igreja é advogada dos pobres, deve ser casa dos pobres, e isto o nosso Documento de Aparecida de 2007 escreve preto no branco. Eu tenho minhas dúvidas a respeito do termo ‘opção’. A palavra ‘opção’ é complicada porque seu estou ‘optando’ pelos pobres, eu me torno ‘do lado de cá’ e os pobres são objeto. O que acho é que está na hora de os pobres se sentirem ‘em casa’; não que a Igreja, do lado de cá, olhe com carinho e solidariedade aos pobres.. mas que se torne – como o Papa quer – a Igreja dos pobres, aonde ninguém exclui ninguém. Para isso, a Igreja – e toda a estrutura e também toda a nossa maneira de exercer nossas funções – tem que ser um pouco mais simples. Aliás, não um pouco mais… temos que largar este negócio que lembra os príncipes, a Idade Média, etc. e tal… Nós temos que fincar os pés no chão concreto da realidade de hoje… (a Igreja) tem que encontrar o povo do jeito com ele é, não posso chegar com aquilo que talvez era interessante no tempo da ‘belle époque’… hoje em dia a simplicidade, a vizinhança, a proximidade, a linguagem são importantes, e nós estamos muito aquém disso”.
Por Rádio Vaticano