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30/10/2015“A felicidade se aprende todos os dias” é o título do novo livro publicado na Itália nesta quinta-feira (29/10), que reúne as matérias da Rádio Vaticano sobre as homilias do Papa Francisco na Casa Santa Marta entre março de 2014 e junho de 2015.
O volume segue-se à publicação de “A Verdade é um encontro” que compilou as homilias do primeiro ano de Pontificado. A Rádio Vaticano conversou com o Padre Antonio Spadaro, diretor da revista “Civiltà Cattolica”, responsável pela publicação:
Padre Spadaro: Muitas pessoas aguardam este momento matutino para ler ao menos o texto das homilias de Santa Marta. Estas homilias são uma experiência real que, dentro das possibilidades, deve ser vivida. Todavia, ao ler os textos tem-se contato com o que poderíamos chamar de uma “doutrina oral”: o Papa fala do Evangelho de maneira direta, de modo a tocar as pessoas e encontra-las. As suas palavras não são somente uma explicação do Evangelho, algo ligado a um mundo abstrato, intelectual, de explicação formal. Na verdade, com estas suas palavras, o Papa toca os corações, toca as pessoas, que se sentem profundamente envolvidas.
RV: Há uma grande atenção por parte dos fiéis, na verdade não somente dos fiéis pelas homilias. De algum modo elas são sempre novas, justamente como o Evangelho sobre o qual meditam…
P. Spadaro: Sim, o Papa usa uma linguagem que é – diria – poética e popular ao mesmo tempo. No fundo, ele procura uma linguagem que não dê somente razão à racionalidade e à fé, mas que comunique esta fé ao homem que escuta hoje. Portanto, tem-se um sentido muito particular de contemporaneidade ao Evangelho. Me impressionou – isso eu digo na introdução – como isso foi explicado por um filósofo, Giovanni Reale, que leu o primeiro volume das homilias como um texto de filosofia: no sentido que inverte o senso tradicional da relação com o pensamento. Isto é, este pensamento não é um “logos”, uma racionalidade abstrata, mas torna quem o escuta contemporâneo do Evangelho.
RV: Também durante o Sínodo o Papa começava o dia celebrando a Missa na Casa Santa Marta com um grupo de fiéis: é dizer que o Sínodo já começava antes mesmo das Congregações…
P. Spadaro: É verdade, e podemos ver algo interessante: para o Papa, estas homilias são ocasiões importantes. Então, o Magistério que provém destas poucas palavras é um Magistério significativo que, muitas vezes, ilumina as interpretações daquilo que o Papa faz durante o dia: isso já vimos acontecer mais de uma vez. Sua mensagem é muito forte e significativa: reunir essas palavras e relê-las significa entrar no coração vivo, pulsante – na fonte podemos dizer – da visão do Papa Francisco da Igreja.
RV: Neste segundo livro temos homilias que, com frequência, falam da misericórdia e do perdão…
P. Spadaro: A Misericórdia é a palavra-chave deste Pontificado! No fundo, Francisco, com um falar profundamente teológico, mas na forma do discurso pastoral, nos faz entender como a nossa visão de Deus deve se converter. Não é o Deus da lei, não é somente o Deus da normativa, não é um Deus rígido com o qual confrontar-se, mas é um Deus que acolhe e recebe sempre. Portanto, a misericórdia não é um objeto, não é uma coisa: é um envolvimento. A palavra-chave com a qual Francisco interpreta a misericórdia nestas homilias é o “envolvimento”. O perdão não é um ato legal, um ato de jurisprudência, uma condenação, uma anistia: ao contrário, é uma relação, é um envolvimento de Deus na vida de uma pessoa.
Por Rádio Vaticano