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16/06/2018
O mês de junho é marcado pelas festas juninas. São assim denominadas porque estão inseridas no mês de junho.
Em muitos lugares o povo costuma se reunir para festejar Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo.
Durante o mês de junho acontece um fenômeno natural interessante: o hemisfério sul tem o dia mais curto e a noite mais longa do ano e no hemisfério norte, o contrário: o dia mais longo e a noite mais curta do ano. Tal fenômeno era motivo de celebrações em meio aos povos antigos: pedia-se colheita farta e agradecia-se as já realizadas.
As festas juninas são marcadas por alegria, música, danças típicas, fogueira grande, casamento caipira, bandeirinhas coloridas, fogos de artifício e comidas típicas como rapadura, pinhão, pipoca, quentão e canjica.
Essas festas são oportunidade privilegiada para o encontro de pessoas e recordação de um estilo de vida, por vezes, distante no tempo, mas sempre marcado por saudades, devido à simplicidade, o encontro amigo, a alegria, a partilha, a descontração e a fé.
Os festejos populares juninos são expressão da obra divina realizada em figuras da tradição cristã. Santo Antônio é invocado especialmente nas dificuldades. São João é aquele que foi enviado para preparar os caminhos do Senhor. São Pedro é a rocha escolhida sobre a qual o Senhor edificou sua Igreja. São Paulo é evangelizador intrépido. Estes homens, por caminhos distintos, cooperaram e cooperam para que a obra de Jesus continue no tempo. Um intercede nas dificuldades, outro inaugura caminhos, outro é garante da unidade da comunidade de fé, e outro ainda, intrepidamente, vai ao encontro de diversos povos e culturas.
Esses homens são santos! Por isso são venerados – isto é, merecem respeito, consideração, reconhecimento pelo bem que realizaram ao longo de suas vidas na relação com Deus, no seguimento de Jesus Cristo, no testemunho e anúncio do Evangelho e na relação com os irmãos e irmãs.
Neste período do ano, de um lado, o povo canta, festeja e se diverte, dançando e partilhando pratos típicos. De outro, a comunidade de fé, na liturgia, faz memória de homens que se destacaram no caminho da fé.
No encontro com as diversas tradições regionais, as festas juninas foram adquirindo contornos característicos. O povo cultiva um sentido, por vezes diluído, que dá unidade a tudo o que existe e sucede na experiência. Este sentido se coloca à disposição de todos através das tradições culturais que representam a hipótese de realidade com que cada ser humano pode olhar o mundo em que vive. Isso se expressa na religiosidade popular! Entretanto, num mundo onde tudo se torna motivo de negócio, até mesmo as tradições culturais e religiosas com sua simplicidade e sabedoria vão perdendo a característica de oferecer significado à vida e ao mundo.
Nas festas juninas se expressa o desejo de um mundo melhor, marcado por paz e justiça, fraternidade e concórdia. Por isso, o povo não se cansa de lutar para superar todo tipo de dificuldades (Santo Antônio); empenha-se por cooperar na preparação de caminhos, em vista de um mundo um pouco melhor para as novas gerações (São João); deseja um fundamento firme sobre o qual possa construir um projeto de nação (São Pedro), ousado e propositivo (São Paulo).
Essas festas expressam, ainda, o desejo humano de confraternização, promovendo comunhão e unidade. Elas são espaço de cultivo da possibilidade de um mundo transformado, no qual dificuldades imputadas possam ser superadas; bloqueios e empecilhos desfeitos; a unidade, reconstruída; a fraternidade e a paz experimentadas.
Por Dom Jaime Spengler – Arcebispo de Porto Alegre