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Filantropia e sustentabilidade econômica do negócio: desafio é cada vez mais comum às instituições católicas de saúde
Assunto foi tema de mensagem do Papa Francisco este ano e será discutido em congresso inédito do setor
Originário do grego, o termo filantropia significa amor à humanidade. Na área da saúde, as instituições filantrópicas têm encarado diariamente a difícil missão de se manterem fieis a esse propósito, exercendo a caridade aos mais necessitados, de forma economicamente sustentável. A complexa equação será discutida na palestra Filantropia como Missão, ministrada pelo Superior Geral da Ordem dos Camilianos, doutor em Teologia Moral e escritor, Padre Leo Pessini, no segundo dia do I Congresso Brasileiro de Instituições Católicas de Saúde (CBIBCS), que acontece entre 16 e 18 de julho, na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, e vai reunir gestores dessas organizações para abordar e debater questões comuns ao setor.
Inerente ao dia a dia de todas as entidades católicas de saúde, o assunto se tornou um desafio mundial e entrou na pauta do Vaticano. No XXVI Dia Mundial do Doente, celebrado em fevereiro deste ano, o Papa Francisco divulgou uma mensagem ressaltando o compromisso da Igreja com as pessoas necessitadas e com os doentes e lembrou o esforço que a instituição Cristã vem realizando durante mais de dois mil anos através de inúmeras iniciativas a favor dos enfermos. No comunicado, Sua Santidade frisou a necessidade primordial de se “preservar os hospitais católicos do risco de uma mentalidade empresarial, que em todo o mundo quer colocar o tratamento da saúde no contexto do mercado, acabando por descartar os pobres. Ao contrário, a inteligência organizativa e a caridade exigem que a pessoa do doente seja respeitada na sua dignidade e sempre colocada no centro do processo de tratamento.”
No Brasil, não tem sido diferente. Ano após ano, essas organizações vêm lutando para se manter economicamente ativas e saudáveis, preservando a assistência aos mais carentes, apesar da concorrência acirrada das grandes redes de hospitais. “Se uma instituição se diz filantrópica, ela obrigatoriamente tem que colocar o ser humano vulnerabilizado pela doença, dor e sofrimento em primeiro lugar. Consequentemente, os recursos, sejam financeiros, humanos ou institucionais, devem ser postos a serviço do cuidado do paciente, e não o contrário. Este discurso sobre a necessidade da humanização é muito atual e necessário. Fazer filantropia somente, cumprindo o que a lei obriga, não é suficiente”, alega Pe. Pessini.
Na visão do palestrante, não há fórmula mágica para resolver a complicada equação entre responsabilidade social e sustentabilidade econômica. “Vivemos em meio a uma economia de mercado sem coração, sem rosto, que descarta facilmente os que menos têm e mais necessitam de cuidados de saúde, como insistentemente vem nos lembrando o Papa Francisco. Estamos diante de uma realidade que exige competência e sensibilidade humana, aliada a uma capacidade profissional empresarial de como administrar estas instituições. Esta é uma área que exige alta especialização e necessitamos de pessoas que consigam unir a inteligência do coração com o profissionalismo e a criatividade da mente e das mãos. Não basta realizarmos treinamentos de pessoal, atualizando-os somente do ponto de vista técnico; é necessário também formação permanente na linha de valores humanos, éticos e Cristãos”, ressalta.
Enfrentando a crise
Para o Pe. Pessini, o CBICS será uma ótima oportunidade para que as instituições católicas de saúde possam discutir sua identidade, missão e valores e como sobreviver em tempos de crise. “Esse evento é muito necessário para construirmos um futuro juntos e acredito que ajude a todas as organizações envolvidas, especialmente aquelas que estão quase fechando suas portas por causa da crise que aflige esta área. Hoje, não se sobrevive mais sozinho e isolado, mas unidos e em rede”. Segundo ele, a criação da Associação Brasileira de Instituições Católicas de Saúde (ABICS), que acontecerá durante o evento, também será um grande avanço, “já que é necessário preservar os chamados valores intangíveis ou inegociáveis da dignidade do ser humano, fazendo com que sejam respeitados sem nos ‘vender’ ao mercado, enxergando a Saúde como um simples negócio lucrativo”.
O palestrante lembrou, ainda, o papel da ABICS em ajudar a conferir mais visibilidade a essas instituições, permitindo que se fortaleçam politicamente junto à sociedade e ao Poder Público. “Acredito que a existência da associação vai permitir um diálogo e uma negociação melhor com o governo para a criação de políticas públicas e recursos voltados para o investimento na saúde dos mais necessitados, passando a pagar o que for justo pelos serviços prestados, combatendo a burocracia e a corrupção na área, preservando e promovendo seus interesses e valores. Do contrário, estaremos fadados a ser tragados pelo mercado ou mesmo desaparecer”, alerta Pe. Pessini.
Para saber mais sobre o evento, acesse: www.cbics.com.br.
Por SB Comunicação