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20/05/2016Refletindo sobre o Evangelho de hoje o Papa Francisco definiu a cilada que os fariseus prepararam contra Jesus como ‘a cilada da casuística’, montada por um ‘pequeno grupo de teólogos iluminados’ convencidos de possuir toda a ciência e a sabedoria do povo de Deus. Um risco do qual Jesus escapa indo ‘além’, indo até ‘a plenitude do matrimônio’.
Nesse sentido o Papa recorda que Jesus já havia feito isso no passado, com os saduceus, em relação à mulher que tinha tido sete maridos, mas que na ressurreição não será esposa de nenhum, porque no céu não se tem ‘mulher nem marido’.
Naquele caso Cristo, observou o Papa, se referiu à ‘plenitude escatológica’ do matrimônio. Com os fariseus, ao contrário, ‘vai à plenitude da harmonia da criação’. ‘Deus os criou homem e mulher, os dois serão uma só carne’.
“Não são mais dois, mas uma só carne. Assim, ‘o homem não divida o que Deus uniu. Seja no caso do levirato, seja neste, Jesus responde da verdade esmagadora, da verdade contundente – esta é a verdade! – da plenitude sempre! E Jesus nunca negocia a verdade. E estes, este pequeno grupo de teólogos iluminados, negociavam sempre a verdade, reduzindo-a à casuística. Jesus não negocia a verdade e esta é a verdade sobre o matrimônio, não existe outra”.
“Mas Jesus – prossegue Francisco – é tão misericordioso, tão grande, que jamais, jamais, fecha a porta aos pecadores. Por isso, não se limita a expressar a verdade de Deus, mas pergunta também aos fariseus o que Moisés estabeleceu na lei. E quando os fariseus lhe repetem que contra o adultério é lícito escrever ‘um ato de repúdio’, Cristo replica que aquela norma foi escrita ‘para a dureza do seu coração’. Quer dizer, explicou o Papa, Jesus distingue sempre entre a verdade e a fraqueza humana, sem rodeios”.
“Neste mundo em que vivemos, com esta cultura do provisório, a realidade do pecado é muito forte, mas Jesus, recordando Moisés, nos diz: ‘Se há dureza do coração, se há pecado, algo se pode fazer: o perdão, a compreensão, o acompanhamento, a integração, o discernimento destes casos… Mas a verdade não se pode vender nunca! E Jesus é capaz de dizer esta verdade tão grande e, ao mesmo tempo, ser tão compreensivo com os pecadores, com os fracos”.
Assim, sublinhou Francisco, estas são as duas coisas que Jesus nos ensina: a verdade e a compreensão, o que os ‘teólogos iluminados’ não conseguem fazer porque estão fechados na cilada da ‘equação matemática ‘pode?’ ou ‘não pode?’ e, portanto, são incapazes de horizontes maiores e de amar a fraqueza humana.
É suficiente ver – concluiu o Papa – a delicadeza com a qual Jesus trata a adúltera quando está para ser lapidada. ‘Eu também não te condeno; vai e de agora em diante, não peque mais’.
“Que Jesus nos ensine a ter, com o coração, uma grande adesão à verdade e também com o coração, uma grande compreensão e acompanhamento a todos os nossos irmãos que estão com dificuldades. E este é um dom, isto o ensina o Espírito Santo, não estes doutores iluminados, que para nos ensinar, precisam reduzir a plenitude de Deus a uma equação casuística. Que o Senhor nos dê esta graça”.
Por Zenit, com Rádio Vaticano