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Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, será elevada aos altares no dia 13 de outubro, em celebração presidida pelo Papa Francisco, em Roma, no Vaticano, coincidindo com a realização do Sínodo para a região Pan-Amazônica. O anúncio de sua canonização aconteceu na manhã de segunda-feira, dia 1º de julho, quando o papa presidiu, na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização da Bem-Aventurada e de outros quatro beatos. Em Salvador (BA), inúmeros fiéis se uniram aos jornalistas, durante coletiva de imprensa, realizada no Santuário da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, para ouvir a notícia dada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger.
Segundo dom Murilo, esta canonização passa a ser um compromisso para que todos repitam seus gestos e busquem a santidade. “Irmã Dulce veio nos dizer que cada época tem seus santos, mas em uma coisa todos os santos são semelhantes: no amor a Deus e no amor e dedicação ao próximo, especialmente aos preferidos de Jesus, os mais pequeninos. Somos gratos por este gesto do papa. Irmã Dulce deixou uma obra que precisa ser continuada”, disse.
Para o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, a bem-aventurada Irmã Dulce é exemplar na vivência do amor cristão – que deve ser marca indelével no coração de cada pessoa. O presidente da CNBB ressalta que se todos pudessem cultivar a fraternidade, a proximidade, com atitudes efetivas de amparo aos mais pobres, espelhando-se na vida de Irmã Dulce, o mundo se tornaria muito melhor. “A canonização da Irmã Dulce é motivo de grande alegria, um especial presente do papa Francisco a todos nós brasileiros. Proclamada Santa da Igreja, Irmã Dulce poderá inspirar ainda mais pessoas a trilharem o caminho do bem, da generosidade e solidariedade ao próximo”, disse.
O milagre do maestro que voltou a enxergar
O maestro José Maurício Bragança (foto ao lado), que recebeu por intercessão de Irmã Dulce a graça da cura para um problema de glaucoma, voltando a enxergar mesmo não sendo considerado curado pela medicina, também participou da coletiva de imprensa em Salvador (BA). Emocionado, ele contou como aconteceu o milagre de sua cura em 10 de dezembro de 2014.
“Eu fui paciente de glaucoma muito grave que me cegou durante 14 anos. No dia do milagre, 10 de dezembro de 2014, o meu coral ia cantar, mas a minha esposa nem me deixou sair de casa por causa do derrame que eu tive nos olhos devido a uma conjuntivite viral. Eu passei a noite sem conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica na cabeceira da minha cama, a coloquei nos meus olhos e pedi que ela aliviasse a minha dor, porque estava muito difícil, já que eu estava a quatro dias sem conseguir dormir. Nesse mesmo momento, quando eu coloquei a imagem de volta, eu já bocejei. Então, ela já me fez dormir e acredito que ela tenha operado durante o meu sono. Quando eu acordei de manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei a enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um milagre”, afirmou.
Embora tenha voltado a enxergar, os exames clínicos do miraculado continuam como sendo de um paciente cego. “Eu ouvi de médicos que eu nunca ia voltar a enxergar porque a visão perdida do nervo ótico não se recupera. Eu nunca pedi para voltar a enxergar, pois eu tinha consciência de que era impossível. O que Irmã Dulce me deu foi muito mais do que a cura da conjuntivite ou o alívio da dor. Ela atendeu a minha oração. É uma gratidão infinita, pois eu nunca imaginei que isso ia acontecer em minha vida”, disse o miraculado.
Preparativos à canonização
A arquidiocese de São Salvador criou a Comissão Arquidiocesana para a Celebração Pós-Canonização da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres com a tarefa de pensar uma grande celebração marcada para o dia 20 de outubro, na Arena Fonte Nova, às 16h. Os preparativos para a primeira missa que será celebrada no Brasil em honra a Santa Dulce dos Pobres já começaram. Cerca de 500 crianças do Centro Educacional Santo Antônio já estão ensaiando um musical que conta a história dos 60 anos das Obras Sociais da religiosa.
“É uma emoção muito grande de graças, de bênçãos. Ter uma fundadora como santa é uma graça muito grande, são bênçãos de Deus. Eu não a conheci, mas cheguei na congregação no mesmo mês que ela faleceu. Pelos testemunhos e pela história é como se eu tivesse conhecido Irmã Dulce. Eu bebo dessa fonte a cada dia aqui no hospital, é como se eu estivesse caminhando junto com ela. É um momento muito forte, de graça e de alegria”, afirmou a irmã Josinete Maria Costa, da congregação Filhas de Maria Serva dos Pobres, fundada por Irmã Dulce.
Após a canonização Irmã Dulce passará a ser invocada por Santa Dulce dos Pobres. Trata-se, segundo o arcebispo de Salvador, da primeira santa brasileira desta época. O processo de canonização de Irmã Dulce foi o terceiro mais rápido da Igreja Católica. O primeiro foi o do Papa São João Paulo II, que foi canonizado 9 anos após a sua morte; depois, madre Tereza de Calcutá, que foi canonizada 19 anos após a sua morte; e agora Irmã Dulce dos Pobres, que será canonizada após 27 anos de sua morte. Ela será canonizada no ano em que as Obras Sociais Irmã Dulce comemoram 60 anos. O dia litúrgico da Santa Dulce dos Pobres será celebrado em 13 de agosto.
Via CNBB com informações e fotos Assessoria de Imprensa Arquidiocese de Salvador/Sara Gomes