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03/07/2018
“A verdadeira inspiração de Francisco é o Evangelho” e é a partir desta perspectiva “que Francisco olha para os problemas sociais de hoje, para as vítimas da cultura do desperdício”, como os jovens e os idosos, os migrantes, os desempregados. É o que lemos na apresentação do livro de Giacomo Costa e Paolo Foglizzo: “O trabalho é dignidade”, publicado nestes dias pela Editora Ediesse.
Papa Francisco e trabalho
Costa é diretor da revista dos jesuítas “Atualizações sociais”, além de presidente da Fundação Cultural San Fedele de Milão e vice-presidente da Fundação Carlo Maria Martini. Foglizzo é redator da mesma revista, onde trabalha em particular com temas econômicos e sobre a doutrina social da Igreja. Neste livro, os dois autores fazem uma coletânea e comentam os pronunciamentos mais significativos do Papa Francisco sobre o tema do trabalho. São documentos, discursos e mensagens desde o início do Pontificado, há 5 anos.
O trabalho é dignidade
Este trabalho revela um quadro de referência adequado à realidade atual, em que se coloca a reflexão sobre o trabalho em nosso mundo globalizado e a ação de quem tenta fazer algo pelos trabalhadores. Porque tudo hoje está sendo redefinido, a começar pelo conceito de trabalho, que para o Papa, é um fator de dignidade.
“Acredito que este é realmente o fulcro de toda a sua reflexão – declarou ao Vatican News Paolo Foglizzo. Muitas vezes o trabalho é interpretado unicamente como uma necessidade econômica, portanto, como uma ferramenta para obter uma renda que então permita consumir. Francisco lembra que o trabalho é muito mais. O trabalho é, acima de tudo, um âmbito em que a pessoa pode se tornar mais pessoa. A pessoa experimenta a sua criatividade, experimenta os laços que a unem aos outros. É por isso que o trabalho é uma experiência humana fundamental e é por isso que o Papa diz: atenção, não podemos imaginar resolver o problema simplesmente garantindo uma renda também àqueles que não trabalham, porque faltaria a eles uma parte fundamental da experiência humana”.
Cultura do descarte e solidariedade globalizada
Nos textos do Papa Francisco encontramos expressões recorrentes que compõem um diagnóstico do mal que aflige o planeta: lucro, especulação, tecnocracia, “imediatismo”, isto é, atenção apenas aos resultados imediatos.
O mal das nossas sociedades é tanto a exploração dos recursos como das pessoas. É a “cultura do desperdício” sobre a qual o Papa insiste, propondo, em oposição a ela, a globalização da solidariedade.
“O Papa diz que o mal do nosso mundo – comenta Foglizzo – é uma abordagem que considera as pessoas como o meio ambiente, bens de consumo que devem ser usados desde que sirvam para gerar lucro e depois podem ser jogados fora. E se vê isto no drama dos desempregados, das pessoas que perdem seus empregos e que isso está bem porque o que conta é o dinheiro. A globalização da solidariedade é uma abordagem diferente porque coloca a pessoa acima do dinheiro”.
“Papa Francisco: nosso dever é trabalhar para tornar este mundo um lugar melhor”
Os problemas são superados somente juntos
Francisco fala com os trabalhadores, mas também com empresários e donos de empresas, ele não teme o conflito porque pensa que, assumindo as responsabilidades, é possível alcançar um bem maior.
Na introdução do livro, Costa e Foglizzo escrevem que seu trabalho editorial “alcançará a meta caso promover o diálogo entre aqueles que compartilham a mesma paixão pela justiça”.
O diálogo é um conceito essencial para Francisco, mas também para nossos dois autores, portanto:
“Isso é realmente o que nos levou a escrever o livro – confirma Foglizzo . O volume foi publicado pela Editora Ediesse, que é a editora da CGL [Confederação Geral do Trabalho – ndr] . Simplesmente esta operação de colocar juntos o Papa e a CGL fala de uma busca por diálogo, de uma busca de escuta dentro de tradições que por um longo tempo pareciam bastante hostis. Estamos no mundo da indústria 4.0, estamos no mundo da globalização: precisamos entender novamente o que significa justiça, bem-estar, trabalho digno. Para fazer isso, e esta é realmente a lição do Papa – conclui – precisamos que todos digam como as coisas são vistas do ponto de seu ponto de vista, precisamos do ponto de vista de todos”.
Por Vatican News