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28/10/2015O número de pessoas que tem buscado auxílio e refúgio em outros países tem aumentado após situações de guerra e perseguições. Essas pessoas são obrigadas a abandonar suas casas, seus costumes e sua história de vida, deixando para trás seus familiares.
Segundo dados de 2014 do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), estima-se que 13,9 milhões de pessoas foram deslocadas devido aos conflitos e perseguições. Uma média de 42.500 pessoas, por dia, tem abandonado suas casas em busca de proteção nas fronteiras do seu próprio país ou em outros países.
O Brasil tem acolhido muitos desses imigrantes e refugiados que chegam ao país por intermédio de outras pessoas ou até mesmo clandestinamente nos portos.
De acordo com o pároco da Igreja Nossa Senhora da Paz e responsável pela “Missão Paz” em São Paulo, padre Paolo Parise, a instituição, em parceria com a Caritas Arquidiocesana de São Paulo, realiza um trabalho de acolhimento desses refugiados e imigrantes oferecendo a eles informações básicas para que possam se ajustar nesse novo país.
Padre Paolo explica que a “Missão Paz” é formada por quatro setores: Casa do Migrante, Centro de Pastoral e Mediação dos Migrantes, Centro de Estudos Migratórios e religiosidade. Entre todas as formas de acolhimento, a Casa do Migrante é um abrigo com capacidade para 110 pessoas e hoje acolhe refugiados e imigrantes de diversas nacionalidades como República Democrática do Congo, Angola, Nigéria, Togo, Mali e Síria.
“Temos uma série de serviços e documentação a serem entregues; então, ajudamos os imigrantes a agendar [um horário] na Polícia Federal e preparamos toda a documentação para eles. Feita a parte de documentação, eles precisam aprender Português; então, oferecemos cursos de manhã, tarde e noite em muitos lugares da cidade”, explicou padre Paolo.
Além do curso de Língua Portuguesa, a “Missão Paz” também oferece cursos profissionalizantes como uma forma de incentivo e possível contratação, pois, segundo o sacerdote, a instituição proporciona aos imigrantes e refugiados um primeiro contato com as empresas.
De acordo com padre Parise, em 2014, cerca de 2.739 pessoas foram contratadas por meio de cursos de capacitação profissional para o imigrantes e refugiados. A Missão Paz também oferece outros serviços como assistência médica, psicológica e educacional para os adultos e crianças como a criação de uma brinquedoteca.
“Criamos um espaço, uma briquedoteca para que as crianças com a mãe possam brincar, divertirem-se e construir um espaço lúdico. A criança tem mais facilidade, em relação ao adulto, na aprendizagem do idioma. Muitas vezes, nós as encontramos fazendo as traduções para a mãe e o pai.”
Padre Paolo explica que muitos desses refugiados chegam à instituição profundamente abalados por terem presenciado situações de guerra. No ano de 2014, a Missão Paz acolheu cerca de 7 mil imigrantes e refugiados. Na Casa do Migrante, cerca de 800 pessoas precisaram de alimentação e abrigo. “Neste ano, já estamos com 5 mil pessoas que passaram por aqui”, ressaltou padre Paolo.
O coordenador da “Missão Paz” acredita que a escolha desses imigrantes e refugiados pelo Brasil seja por questões financeiras e pela facilidade de entrar no país. Um exemplo, citado por padre Paolo, é que, ao conversar com alguns sírios nas cidades de Fortaleza (CE), Brasília (DF) e São Paulo (SP) disseram que para ir à Alemanha gastariam cerca de 9 mil dólares, com perigo de morrer no mar durante a travessia; para o Brasil, os gastos são menores, cerca de quase 2 mil dólares.
“Diria que é uma questão econômica. Eles prefeririam ir para a Europa, mas o fato de ser mais complicado, eles escolhem o Brasil. Outros tentam usar o país como um lugar de passagem – vou lá, organizo-me de novo e, depois, vou para outro país. Acho importante observar também que quem escolhe o Brasil é uma parte muito pequena. No entanto, tem aumentado muito o número de refugiados reconhecidos no país, são mais de 8 mil neste momento”, destacou o sacerdote.
Padre Paolo também destaca que, diante do ponto de vista da fé, precisamos “encontrar Cristo no imigrante e no refugiado”.
Por Canção Nova