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31/03/2016A Livraria Editora Vaticana acaba de publicar o livro “Pensamentos para o Ano Santo”, de autoria do especialista em mídia Gianpiero Gamaleri, cujo volume foi apresentado esta quarta-feira (30/03) na Sala Marconi da Rádio Vaticano.
A obra reúne os comentários sobre as homilias do Papa Francisco na Casa Santa Marta, que o autor escreve para a rubrica semanal “Meu Papa”. Esteve presente na apresentação, entre outros, o prefeito da Secretaria vaticana para Comunicação, Mons. Dario Edoardo Viganò.
Em entrevista à emissora pontifícia, o prefeito se deteve sobre a peculiaridade destas homilias e sobre o estilo comunicativo de Francisco:
Mons. Dario Viganò:- “Minha impressão é de que essas homilias se tornaram propriamente um gênero literário. O Papa Francisco nos introduz no Evangelho proclamado ou na leitura do Antigo Testamento contando novamente aquilo que foi proclamado e, sobretudo, fazendo perguntas a si e a quem naquele momento está ouvindo a homilia acerca daquilo que disse Jesus ou daquilo que um personagem do Evangelho pôde dizer a Jesus ou pensou sobre Jesus. Por conseguinte, leva-nos ao âmago dos pensamentos, dos sentimentos que dizem respeito à cena em questão. Desse modo, leva nossa vida para dentro daquela passagem da Palavra de Deus na qual esta diz algo a mim. Assim, o texto se torna familiar, se assume esse aspecto de proximidade ao texto que permite lançar um olhar para o mundo, para os eventos, para as relações com o olhar de Deus.”
RV: O modelo comunicativo de Francisco é muito seu, de certo modo irrepetível. Porém, há algum ensinamento, alguma lição que, de modo geral, podemos tirar todos nós comunicadores não só no Vaticano?
Mons. Dario Viganò:- “Parece-me que um aspecto reside no fato que o Papa – como diria um estudioso – é um “storyteller”, ou seja, não fala utilizando conceitos ou abstrações, mas conta as histórias. Quando encontra os jovens conta episódios, anedotas, parábolas… Por conseguinte, é um grande narrador. Este é um modo mediante o qual torna compreensível, familiar, próximo às pessoas que o escutam, aquele conteúdo da mensagem evangélica da tradição da Igreja. Outra característica é o estilo da conversação: basta pensar nas interpelações que faz durante o Angelus, ou então quando faz repetir, todos juntos, alguma palavra. Isso torna cada pessoa que o está escutando alguém da família, faz-nos sentir partícipes daquilo que passa no coração e na mente do Papa. Desse modo midiático muito conclamado, excepcional, ele consegue também catalisar a atenção provavelmente pela descontinuidade porque tem uma voz baixa, um ritmo muito pacato, usa muitas pausas. Certamente, é uma palavra que tem o afã, o suor, o pó da estrada, de todos os quilômetros que percorreu durante anos primeiro como vigário-geral, depois como arcebispo de Buenos Aires. Efetivamente, cada palavra sua tem o peso da verdade de uma vida.”
RV: Essas homilias tão aguardadas por crentes e não-crentes chegam ao coração de tantas pessoas mediante a Rádio Vaticano, o Centro Televisivo Vaticano, sucessivamente, através do L’Osservatore Romano. De certo modo, é também um exemplo de convergência sobre algo tão precioso como – propriamente – as homilias feitas na Casa Santa Marta…
Mons. Dario Viganò:- “Podemos dizer que neste momento é um exemplo sobre como pode haver uma convergência editorial. A convergência é outra coisa: é aquilo que todos faremos juntos como reforma, propriamente encontrando uma linguagem específica para o que será o único grande portal da Secretaria vaticana para a Comunicação.”
Por Rádio Vaticano