“Laicismo não leva em conta que o Estado é laico, mas o povo religioso”
25/01/2017Deus, o mundo e o sacramento do matrimônio
25/01/2017O olhar de quem relata é central, porque a realidade não tem um significado unívoco. Assim se expressou o prefeito da Secretaria para a Comunicação, Mons. Dario Edoardo Viganò, que apresentou na manhã desta terça-feira (24/01) na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, a Mensagem do Papa para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Substancialmente, Francisco pede uma comunicação construtiva, a lógica da boa notícia, que não significa contar o mundo de Heidi, explica o prelado, mas abrir espirais de esperança. Eis o que disse Mons. Viganò em entrevista concedida à Rádio Vaticano:
Mons. Dario Edoardo Viganò:- “Romper a espiral de uma comunicação negativa, que leva também ao anestesiamento da consciência, significa que, é claro, a história é feita de cinza, de preto por vezes, mas que mantém sempre espirais que se abrem num horizonte de esperança, de proximidade. É isso que somos chamados a fazer: procurar fazer de modo que o mal jamais seja o protagonista vencedor.”
RV: Mesmo tragédias como terremotos, avalanches, catástrofes naturais podem ser, de certo modo, cenário de algumas boas notícias?
Mons. Dario Edoardo Viganò:- “Isso não significa ceder à ingenuidade irenista de um relato inexistente da realidade, mas, por exemplo, contar o mundo de bem que floresce de uma situação tão trágica: penso no fato que homens e mulheres concretamente e pessoalmente se façam próximos dessa situação. É como dizer: ‘Olhe que a situação é difícil, porém, faço com você um trecho do caminho’.”
RV: Todos conhecemos o poder de propagação das más notícias, especialmente nas mídias sociais, e também a dificuldade de desmentir quando estas são falsas. Francisco pede aos comunicadores que sejam canais vivos da Boa Notícia. Como a mídia vaticana pode realizar isso?
Mons. Dario Edoardo Viganò:- “A mídia vaticana pode ajudar a mídia internacional sobretudo mostrando os processos e os contextos nos quais se situam e se colocam os anúncios e as mensagens do Santo Padre, porque muitas vezes são descontextualizadas e, por conseguinte, perdem também aquela força própria, aquela pertinência que, ao invés, elas têm.”
RV: Como se pode fazer isso? Oferecendo também um olhar sobre a história, ajudando a entender a realidade?
Mons. Dario Edoardo Viganò:- “Absolutamente sim, porque todo pronunciamento de um Pontífice jamais é um partir novamente do zero, mas é um inserir-se numa sucessão apostólica que – não nos esqueçamos – é sempre uma história do Espírito Santo: quando primeiro Bento XVI e agora o Papa Francisco convidam a um critério para ler o que tange à Igreja, é o critério de uma hermenêutica espiritual.”
RV: Na Mensagem se ressalta que as imagens e metáforas, mais do que os conceitos, são o caminho privilegiado para comunicar “a vida nova” em Cristo. Isso responde propriamente ao estilo do Papa Francisco: a sua comunicação é espiritual e não sociológica. Isso porque uma linguagem que comunica com os gestos é mais inclusiva?
Mons. Dario Edoardo Viganò:- “Aquilo que é espiritual não é inconsistente. O espiritual tem a ver com a história, com a densidade da argila da qual a vicissitude do homem é permeada, e o homem é feito de uma comunicação que sabe usar muito bem não somente o aspecto argumentativo-conceitual, mas também os gestos e a proximidade. E os gestos e a proximidade expressam o calor, o inclusivo. Portanto, creio que o Papa Francisco é um mestre nisso, provavelmente por tradição cultural, por formação própria. Mas creio, que a ideia de uma comunicação tão metafórica – que é parábola, relato – diz também como é possível ter comunicações que sejam relações, relações também de proximidade.”
Esta terça-feira, 24 de janeiro, dia em que a Igreja recorda São Francisco de Sales, Patrono dos jornalistas, Mons. Dario Edoardo Viganò presidiu à santa missa na capela do Palácio Pio – sede da Rádio Vaticano.
“Peçamos que o nosso trabalho seja sempre um instrumento de construção”, disse, “que saiba repelir a tentação de fomentar o confronto”, mas favoreça “a cultura do encontro”.
Por Rádio Vaticano