Saúde da sociedade depende do bem estar da família, afirma Papa
26/11/2015Tempo do Advento
27/11/2015O Papa Francisco visitou nesta quinta-feira, 26, o escritório das Nações Unidas em Nairóbi, capital do Quênia. A questão do meio ambiente foi a base do discurso do Papa, que abordou ao longo de sua fala outros problemas sociais, como a pobreza, e voltou a condenar a cultura do descartável e a globalização da indiferença.
No que diz respeito à degradação ambiental, Francisco recordou, por exemplo, a proximidade da COP21, reunião com líderes internacionais que começa agora em dezembro em Paris e vai discutir as alterações climáticas. “Seria triste e – atrevo-me a dizer – até catastrófico se os interesses particulares prevalecessem sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus projetos”.
Trechos de seu discurso à ONU no último mês de setembro, na viagem aos Estados Unidos, foram retomados hoje, uma forma que Francisco encontrou de enfatizar uma vez mais que toda a criação é um bem comum e deve ser protegida. Ele considerou que a COP21 é, nesse sentido, um passo importante; é uma oportunidade de reconsiderar e corrigir falhas e distorções no atual modelo de desenvolvimento.
O que é necessário para mudar
O Papa destacou em seu discurso que se a sociedade do período pós-industrial ficou conhecida como a mais irresponsável da história, cabe à sociedade do século XXI ser lembrada como aquela que assumiu com mais generosidade suas graves responsabilidades. E essa é uma tarefa que envolve, na base, compromisso com a educação e formação dos povos.
“A mudança de rumo que precisamos não é possível realizá-la sem um compromisso substancial para com a educação e a formação. (…) Isto requer uma formação destinada a fazer crescer em meninos e meninas, mulheres e homens, jovens e adultos a adoção de uma cultura do cuidado (cuidado de si próprio, cuidado do outro, cuidado do meio ambiente) em vez da cultura da degradação e do descarte (descarte de si mesmo, do outro, do meio ambiente)”.
Globalização da indiferença
A cultura do descartável sacrificou muita gente, pontuou o Papa, e é preciso ter cuidado para não cair na “globalização da indiferença”, ou seja, no risco de se habituar ao sofrimento do outro, como se fosse normal. “São muitas vidas, muitas histórias, muitos sonhos que naufragam nos nossos dias. Não podemos ficar indiferentes perante isto. Não temos o direito”.
Relações comerciais entre estados
Outro ponto do discurso do Papa foi o funcionamento das relações comerciais entre os Estados. Ele recordou que o Papa Paulo VI, ainda em 1967 antes do fenômeno da globalização, falou sobre como isso pode ser fundamental tanto para o desenvolvimento dos povos quanto para a miséria e exclusão.
Francisco reconheceu que muito foi feito sobre essa questão, mas ainda não há um sistema de comércio internacional equitativo e que esteja totalmente a serviço da luta contra a pobreza e a exclusão. As observações do Papa sobre o assunto têm como contexto a X Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, que acontecerá em poucos dias em Nairóbi.
“Espero que as decisões da próxima Conferência de Nairóbi não sejam um mero equilíbrio de interesses contrapostos, mas um verdadeiro serviço ao cuidado da casa comum e ao desenvolvimento integral das pessoas, sobretudo das mais abandonadas”.
Alerta sobre destruição na África
O processo de degradação natural na África não possou despercebido no discurso do Papa. Francisco denunciou o constante risco de destruição do continente, ameaçado pelo egoísmo humano e pelo abuso de situações de pobreza e exclusão.
“Não se pode deixar de falar dos tráficos ilegais que crescem num contexto de pobreza e que, por sua vez, alimentam a pobreza e a exclusão. O comércio ilegal de diamantes e pedras preciosas, de metais raros ou de alto valor estratégico, de madeiras e material biológico, e de produtos animais, como no caso do tráfico de marfim e o consequente extermínio de elefantes, alimenta a instabilidade política, a criminalidade organizada e o terrorismo. Também esta situação é um grito dos homens e da terra que deve ser escutado pela comunidade internacional”.
Por Canção Nova