Sínodo vai nos ensinar a ser mais acolhedores, diz Dom Roque
19/10/20176ª-feira da 28ª Semana do Tempo Comum
20/10/2017Com a passagem do Livro do Levítico em que o Senhor anuncia a Moisés que o quinquagésimo ano prevê a libertação dos escravos e uma referência ao Decreto Unitatis redintegratio, do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco abriu o seu discurso à delegação do Conselho Metodista Mundial, recebido em audiência na manhã desta quinta-feira no Vaticano.
O encontro realizou-se por ocasião do 50º aniversário do início do diálogo teológico metodista-católico. “Somos agradecidos a Deus porque, num certo sentido, podemos proclamar termos sido libertados da escravidão da estranheza e da suspeita recíproca”.
Recordando as palavras de São Paulo, o Papa recorda que temos um Batismo comum, “somos e nos sentimos familiares de Deus. E esta consciência nos levou ao diálogo”.
O Concílio Vaticano II – recordou – exorta a existir “um conhecimento mais profundo e um apreço mais justo entre os cristãos das diversas Confissões, por meio de um diálogo que proceda “com amor da verdade,com caridade e com humildade””.
“O diálogo verdadeiro – enfatizou o Papa – encoraja continuamente uns aos outros, sem irenismos e sem fingimentos. Somos irmãos que, depois de uma longa separação, estão felizes em se reencontrar e se redescobrir reciprocamente, de caminhar juntos, abrindo com generosidade o coração ao outro”.
“Assim prosseguimos, sabendo que este caminho é abençoado pelo Senhor: por Ele foi iniciado e a Ele é dirigido”.
“Os outros familiares de Deus podem nos ajudar a nos aproximarmos ainda mais ao Senhor – prosseguiu o Papa, recordando o convite à santidade do teólogo John Wesley, fundador do movimento protestante metodista – e estimular-nos a dar um testemunho mais fiel ao Evangelho”.
“Quando vemos sinais de vida santa nos outros, quando reconhecemos a ação do Espírito Santo nas outras Confissões cristãs, não podemos que não nos alegrar. É belo ver como o Senhor semeia largamente seus dons, é belo ver irmãos e irmãs que abraçam em Jesus a nossa mesma razão de vida”.
A fé torna-se tangível, sobretudo quando “se concretiza no amor”, e em particular “no serviço aos pobres e aos marginalizados”, como resposta ao antigo convite da Palavra: “Proclamem a libertação para todos os moradores, para todos os habitantes do país”:
“Quando católicos e metodistas, acompanham e levantam juntos os fracos e os marginalizados – aqueles que mesmo habitando as nossas sociedades, se sentem distantes, estrangeiros, estranhos – respondemos ao convite do Senhor”
Trata-se do “mesmo chamado à santidade que, sendo chamado à vida de comunhão com Deus – enfatizou Francisco – é necessariamente chamado à comunhão com os outros”.
Olhando em frente, temos uma certeza: “De não poder crescer na santidade sem crescer em uma maior comunhão”.
Neste sentido, a exortação para prosseguir no caminho que se abre “com uma nova fase de diálogo que está por aproximar-se sobre o tema da reconciliação”.
“Não podemos falar de oração e caridade se, juntos, não rezamos e não trabalhamos pela reconciliação e pela plena comunhão entre nós”.
“Que o vosso trabalho pela reconciliação seja um dom, e não somente para as nossas comunidades, mas para o mundo: seja de estímulo a todos os cristãos a serem em todos os lugares ministros de reconciliação. É o Espírito Santo que realiza o milagre da unidade reconciliada. E o faz com o seu estilo, como fez em Pentecostes, suscitando carismas diversos e recompondo tudo em unidade, que não é uniformidade, mas comunhão. Por isto é necessário que estejamos juntos, como os discípulos a espera do espírito, como irmãos a caminho”.
O dom da graça que “descobrimos uns nos outros”, com o consequente enriquecimento recíproco e a consciência de sermos “irmãos e irmãs em Cristo”, marcam aquele novo tempo – explica o Papa – para o qual devemos “nos preparar, com esperança humilde e empenho concreto”, ao “pleno reconhecimento que terá lugar, com a ajuda de Deus, quando finalmente podermos nos reencontrar juntos na fração do Pão”.
Ao concluir, o Papa Francisco convida todos a rezarem juntos o Pai Nosso, para que o Senhor conceda “o pão de cada dia” em sustento do novo caminho comum.
Por Rádio Vaticano