O Papa Francisco já está em Ciudad Juárez
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18/02/2016Um momento para levar a esperança e a misericórdia de Deus a quem passa a vida atrás das grades de um presídio. Assim foi o encontro tão desejado pelo Papa Francisco com os presidiários de Ciudad Juárez nesta quarta-feira, 17. O Santo Padre visitou o centro penitenciário da cidade, um de seus últimos compromissos no México.
Francisco foi recepcionado com o discurso da detenta Evelia Quintana. “Nem tudo acabou aqui, é só uma pausa em nossas vidas (…) Trabalhemos para que nossos filhos e filhas, não repitam a mesma história”, disse.
O Santo Padre afirmou que não queria ir embora do México sem se encontrar com os presos e poder com eles celebrar o Jubileu da Misericórdia, lembrando que não há lugar onde a misericórdia de Deus não possa chegar.
“A misericórdia divina lembra-nos que as prisões são um sintoma de como estamos na sociedade; em muitos casos são um sintoma de silêncios e omissões provocadas pela cultura do descarte. São sintoma duma cultura que deixou de apostar na vida, duma sociedade que foi abandonando os seus filhos”, disse o Papa.
A reabilitação
O Santo Padre afirmou que essa mesma misericórdia recorda que a reabilitação não começa dentro dos presídios, mas nas ruas das cidades, quando se cria a chamada “saúde social”. Trata-se de um sistema que previne os caminhos que acabam por ferir e deteriorar o tecido social.
“Às vezes parece que as prisões se proponham mais colocar as pessoas em condição de continuar a cometer delitos do que promover processos de reabilitação que permitam enfrentar os problemas sociais, psicológicos e familiares que levaram uma pessoa a determinada atitude”.
Segundo o Papa, o problema da segurança não se resolve apenas prendendo as pessoas, mas requer o enfrentamento do que causa essas situações. A reinserção social, segundo o Papa, começa com a frequência à escola, com o emprego digno para as famílias, com espaços públicos para recreação e acesso aos serviços básicos.
O Jubileu da Misericórdia
Francisco explicou para os detentos que celebrar o Jubileu da Misericórdia é aprender a não ser prisioneiro do passado, mas abrir-se para o futuro e acreditar que as coisas podem tomar outro rumo. “Celebrar o Jubileu da Misericórdia convosco é convidar-vos a levantar a cabeça e empenhar-vos para obter o tão ansiado espaço de liberdade”.
Não se pode voltar atrás no que foi feito, reconheceu o Papa, mas isso não significa que não há uma nova página a ser escrita. E por isso mesmo Francisco quis ir ao presídio levar aos presos essa misericórdia de Deus.
“Vocês conheceram a força do sofrimento e do pecado; não esqueçam, porém, que tendes ao vosso alcance também a força da ressurreição, a força da misericórdia divina que faz novas todas as coisas. (…) Quem sofreu o máximo da amargura a ponto de poder afirmar que ‘experimentou o inferno’, pode tornar-se um profeta na sociedade. Trabalhai para que esta sociedade que usa e joga fora não continue a fazer mais vítimas”.
Não faltou no discurso de Francisco uma palavra de agradecimento àqueles que trabalham na penitenciária ou que realizam algum tipo de assistência no local, bem como aos capelães, consagrados e leigos que levam a misericórdia de Deus ao presídio. “Todos vocês podem ser sinal das entranhas de misericórdia do Pai. Precisamos uns dos outros para continuar em frente”, concluiu.
Próximos compromissos
Após o encontro com os detentos, Papa Francisco segue ao encontro dos trabalhadores de Ciudad Juárez. Ainda hoje, antes de se despedir do México, ele celebra a Santa Missa nessa que já foi considerada a cidade mais perigosa do mundo.
Depois da cerimônia de despedida, Francisco retorna ao Vaticano.
Por Canção Nova