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03/06/2019
A preservação e a proteção do meio ambiente são questões que vem sendo cada vez mais discutidas e debatidas no mundo. Nesta quinta-feira, 5 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) traz como tema “poluição do ar”. Segundo a organização, o objetivo é chamar a atenção para este problema evitável, mas que demanda ações urgentes e imediatas.
No Brasil, a Igreja trabalhou em seis Campanhas da Fraternidade a questão ambiental. A primeira foi em 1986 que teve como tema “Fraternidade e terra” e o lema “Terra de Deus, terra de irmãos” e a última em 2017, com a temática “Fraternidade: Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida”.
Campanhas da Fraternidade com a temática ambiental
1986 – Fraternidade e terra / lema: Terra de Deus, terra de irmãos
2004 – A fraternidade e a água / lema: Água, fonte de vida
2007 – Fraternidade e Amazônia / lema: Vida e missão neste chão
2011 – Fraternidade e a vida no planeta / lema: A criação geme como em dores de parto
2016 – Campanha da Fraternidade Ecumênica – Tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5, 24)
2017- Fraternidade: Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida
Nesse contexto da preservação ambiental, em 2015, o papa Francisco publicou a Encíclica “Laudato si” (“Louvado seja”), sobre o cuidado da casa comum. Em artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o título: ‘Vamos cuidar da nossa ‘Casa Comum’”, o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta, destaca que “Essa Encíclica está relacionada com as questões ecológicas, como o cuidado da criação, o esforço por unir a sociedade na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, à partir das consequências tão perversas da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Eles são os excluídos do planeta, são bilhões de vítimas da chamada cultura do lixo”.
O fruto das seis Campanhas da Fraternidade e esse olhar para a gravidade dos problemas ambientais fez surgir em diversas arquidioceses e dioceses brasileiras as Pastorais do Meio Ambiente e da Ecologia.
São Paulo, por exemplo, conta com a Pastoral da Ecologia da Região Episcopal Santana da arquidiocese de São Paulo (SP), criada em setembro de 2003; a Pastoral do Meio Ambiente, na diocese de Itapetininga (SP), criada em junho de 2010; a Pastoral da Ecologia e Meio Ambiente, na diocese de Mogi das Cruzes (SP), criada em 2013; além da Comissão Socioambiental da diocese de São José dos Campos. Ainda na região Sudeste, a arquidiocese do Rio de Janeiro também conta com uma Pastoral da Ecologia desde 2013.
A região Nordeste também acolheu esse clamor e desenvolve ações pastorais no âmbito do meio ambiente. Na diocese de Bom Jesus da Lapa (BA), está instalada desde 2016 a Pastoral do Meio Ambiente, iniciada no município de Santa Maria da Vitória.
A relação entre Igreja e Ecologia nem sempre é algo tão simples, mas é por meio dos diversos trabalhos eclesiais que é possível manifestar a preocupação com as questões ambientais e realizar ações que gerem maior consciência da população diante da realidade atual do planeta.
De acordo com a Organizações das Nações Unidas (ONU), nove em cada dez pessoas no mundo estão expostas a altos níveis de poluição do ar, o que excede os números considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda segundo a ONU, este tipo de poluição causa uma série de problemas, afetando não apenas a saúde humana, mas também o crescimento econômico – custa à economia global 5 trilhões de dólares por ano.
Principalmente nas cidades, as emissões nocivas são um fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, provocando quase um quarto (24%) das mortes por doenças cardíacas, 25% dos óbitos por acidentes vasculares cerebrais (AVCs), 43% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 29% por câncer de pulmão. Muitos poluentes atmosféricos também intensificam o aquecimento global. Os dados são da ONU.
Ecologia na perspectiva sinodal
E o papa Francisco segue o caminho da preservação ambiental, reforçando o chamado para a “conversão ecológica”. Em 2017, convocou para outubro de 2019, o Sínodo para a Pan-Amazônia, que terá como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Momento em que a Igreja retoma a célebre frase do papa Paulo VI “Cristo aponta para a Amazônia”.
O objetivo do Sínodo, nas palavras do pontífice é: “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta“. Francisco deseja ainda que, “no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
A Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para Pan-Amazônia será realizada de 6 a 27 de outubro de 2019. De acordo com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), pensar nesse sínodo é pensar nos povos e nações que vivem nos nove países (Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa) que tem em seu território o bioma Amazônico.
Ainda segundo a REPAM, pensar num Sínodo Pan-Amazônico é olhar para a América do Sul onde habitam 2.779.478 indígenas pertencentes a 390 povos originários e cerca de 137 povos “isolados” (não contatados). São pessoas que falam 240 línguas diferentes, pertencentes a 49 ramos linguísticos, as mais relevantes do ponto de vista histórico e cultural.
Contudo, é preciso lembrar as comunidades ribeirinhas, os territórios Remanescentes de Comunidades Quilombolas, enfim, os povos da floresta, as comunidades tradicionais. Lembrar também as populações urbanas, que correspondem a 79% da população da Amazônia brasileira vivendo nas cidades, destaca levantamento da REPAM.
Em comunhão com o Sínodo para a Amazônia, a Comissão Socioambiental de São José dos Campos está preparando um evento para refletir sobre a temática do Sínodo e fortalecer o trabalho que tem sido desenvolvido. O grupo tem buscado promover apoio, sensibilização e formação socioambiental nas paróquias, pastorais, movimentos e organismos diocesanos para, “a partir da fé cristã, vivenciarem a Espiritualidade Ecológica e o cuidado com a Casa comum”. A intenção é fazer da diocese de São José dos Campos uma Igreja particular “comprometida com o zelo pela Casa Comum, o testemunho da Espiritualidade Ecológica Cristã e a promoção da dignidade das pessoas, famílias e comunidades, preferencialmente as mais vulneráveis”.
Via CNBB e foto de capa: VCG Photo