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08/08/2018
Às margens do Rio Paraguaçu está a centenária Cachoeira, distante 120 quilômetro da capital Baiana, Salvador. No município de casario barroco, das suas igrejas e museus, cidade considerada monumento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vive Ileyldes dos Santos Conceição, presidente da Associação de Feirantes do Mercado Municipal de Cachoeira (AFMMC), ou a Feira Livre de Cachoeira, em que cerca de 400 feirantes comercializam seus produtos.
Entre sabores, saberes, cores, odores, sonoridades, tecidos e tessituras que compõem às relações sociais e a organização do espaço, há 18 anos Ileyldes vive na feira e da feria. Inicia seu trabalho às 6h da manhã e encerra às 17h. “A Feira representa muito para mim; é de onde tiro o sustento da minha família. Onde criei meus filhos, mesmo em situações de baixas vendas. Mas além do trabalho tem o envolvimento com pessoas e faço muitas amizades”, conta a presidente.
Ileyldes diz que está animada e esperançosa com a chegada do Projeto Nossa Feira popular e solidária, um convênio entre Cáritas Brasileira e a Fundação Banco do Brasil (FBB) que propõem, em diálogo com a comunidade local, a revitalização e manutenção das feiras livres de 22 municípios dos estados da Bahia, Piauí, Maranhão e Paraíba. Aproximadamente 476.66 mil pessoas estarão envolvidas nessa ciranda popular e solidária.
A proposta do projeto é a revitalização de feiras livres, garantindo a melhoria da infraestrutura utilizada pelos feirantes, o acesso a tecnologias como também maior acessibilidade da população local aos espaços. Ileyldes diz que com a chegada do Projeto Nossa Feira, “teremos uma feira organizada. Organizando a feira, teremos novas barracas, feira limpa, estruturada isso nos dará possibilidade de melhoria e crescimento em nossa renda”.
O projeto também vai trabalhar para minimizar a produção de resíduos sólidos e organizar, de forma adequada, o que for produzido. A proposta é que os resíduos secos sejam encaminhados para organizações que catam materiais recicláveis e os resíduos orgânicos para produção de adubos que, posteriormente, deverão ser distribuídos aos agricultores/as rurais e urbanos dos municípios. Para isso, o poder público também está envolvido no processo.
Para fundamentar o processo será empregada a Tecnologia Social Oasis, uma ferramenta de mobilização que visa favorecer o desenvolvimento comunitário através do protagonismo cidadão e estimular comunidades na cooperação e empreendedorismo, ampliando sua capacidade de propor ações criativas para a resolução de problemas, e assim criar bases para o sucesso de políticas públicas participativas.
Para o gerente da Agência Banco do Brasil (BB) de Cachoeira, Raul Alexandre Teixeira Bispo, o Projeto Nossa Feira fortalece ainda mais a interação do Banco com a sociedade, pois segundo ele a “ação contribui para fortalecer o papel no BB como instituição provedora de desenvolvimento em Cachoeira e fortalece a missão de Banco Público e o seu compromisso social”, conta.
Raul lembra que: “O município de Cachoeira e sua Feira Livre são tombados como Patrimônio Histórico, percebe-se o tamanho da importância que tem para toda a comunidade o desenvolvimento desse projeto com a colaboração de nossa Agência de Cachoeira”. Por fim ele ressalta que o BB tem uma importante participação no fortalecimento da agricultura familiar do munícipio. “Acreditamos estar diante de grande projeto, capitaneados pela Fundação Banco do Brasil, em parceria com a respeitada e experiente entidade que é a Cáritas, imbuídos todos, no objetivo de dar uma nova vida e cara à nossa Feira”, finalizou o gerente.
Dos 22 municípios brasileiros que estão recebendo o projeto, nove estão no estado da Bahia. Gilmar dos Santos, agente Cáritas, articulador do Nossa Feira nas cidades Baianas de Cachoeira, São Felix e Crisópolis, conta sobre a chegada do projeto em seu estado: “A Bahia recebeu com grande alegria e expectativa o Projeto Nossa Feira Popular e Solidária, iniciativa da Cáritas Brasileira e da Fundação Banco do Brasil com o importante apoio e parceria do poder público local, das gerências do BB e dos grupos de feirantes. O projeto visa à revitalização das feiras livres a partir do reconhecimento e valorização dos saberes e sabores que existem nesses ambientes”.
Gilmar observa que as Feiras Livres, existentes em quase todos os municípios brasileiros, “são muito mais do que espaços de circulação de mercadorias, são espaços de reprodução física e cultural, lugar de encontros, solidariedade e vida. Por outro lado são espaços que precisam de uma maior atenção dos órgãos públicos considerando que em muitos municípios ainda persistem a desorganização do espaço; ausência de políticas para viabilizar a coleta seletiva de resíduos; a ausência ou precarização das barracas; a falta de acesso a novas tecnologias de comercialização; a falta de integração dos grupos culturais nos ambientes de feira; a ausência de iniciativas de fundos rotativos solidários; a falta de políticas de créditos específicas para os feirantes, bem como a falta de reconhecimento e valorização desses espaços enquanto patrimônio cultural material e imaterial do povo brasileiro”, sublinha o agente Cáritas. Para Gilmar todos esses elementos se constituem como desafios e potencialidades para que o Projeto Nossa Feira contribua para que as Feiras Livres se tornem sempre mais prestigiadas, atraentes, dinâmicas, sustentáveis, populares e solidárias.
Dentre as atividades programadas para a implementação do Projeto Nosso Feira, os agentes da Cáritas Brasileira já realizaram reuniões de articulação e mobilização para construir parcerias com o poder público e feirantes. E está em processo de conclusão o diagnóstico da realidade local, o marco zero. Esse processo já envolveu 1.967 feirantes.
Por Osnilda Lima – Rede de Comunicadores/as da Cáritas Brasileira (Via CNBB)